Francis Ford Coppola retorna dois anos após o fenômeno do primeiro filme nesta continuação que inclusive, ao meu ver, supera o original em vários pontos. Adaptando a obra de Mario Puzzo na ponta da linha, The Godfather Part II, em uma jogada narrativa genial, faz um paralelo entre as jornadas do patriarca da Cosa Nostra, Vito Corleone, e de seu filho, Michael (Al Pacino, na performance de sua carreira), durante sua ascensão no comando do crime organizado, bem como o estreitamento da rivalidade com seus concorrentes e a dissolução de sua família, em mais um jogo de intrigas, traição, e culpa. A escalada dramática dos acontecimentos é perfeitamente calibrada, a medida em que vamos acompanhando a consolidação do poder de Michael, vemos também o começo de tudo, acompanhando a jornada de Vito Andolini, desde sua infância em Corleone, Itália até imigrar para Nova York no início do SécXX. Embarcamos em uma mini odisseia pela vida destes dois homens, ultimamente alegorias para contar um pouco sobre a jornada do imigrante na América, em um enredo provocativo que leva ao máximo o conceito do "sonho americano", bem como patriotismo, família, e a visão míope da sociedade quanto aos verdadeiros criminosos, muitas vezes disfarçados de homens da lei, de autoridades políticas, etc...É muito mais fácil apontar e julgar uma classe de pessoas já estigmatizada, enquanto os verdadeiros causadores dos problemas continuam livres...O Poderoso Chefão 2 é um épico criminal que faz valer cada minuto de sua extensa duração que, um estorvo no filme anterior, cai como uma luva aqui. Não dá para não ficar com os vários temas abordados aqui na cabeça vários dias após assisti-lo. Robert DeNiro, como já era de se esperar, arrasa no papel do jovem Don Corleone, mesmo não se parecendo com Brando fisicamente, o ator compensa tudo no talento. Quem também tem sua chance de brilhar aqui é o grande John Cazale, ator que teve uma carreira tão breve quanto brilhante, e sua atuação como Fredo marca seu ponto alto definitivo, transformando um personagem tosco, em um multifacetado, de motivações e emoções complexas. Porém, ao meu ver, assim como seu antecessor, fica faltando algo mais no final, observando-o por inteiro, para ser efetivamente uma Obra-prima. Não me levem a mal, esta talvez seja a melhor continuação já feita, mas pessoalmente não me deixou com um impacto emocional e intelectual tão grande para ser uma "masterpiece". Eu entendo perfeitamente a importância e o amor que as pessoas tem por esses filmes, mas realmente não é o tipo de filme que atinge meu âmago. Carrega muitos defeitos do anterior, como o excesso de personagens descartáveis, e no núcleo principal, personagens femininas reduzidas à meros recursos do roteiro para fazer a trama andar, e na maioria das vezes nem isso, sendo Connie uma personagem que sumindo não faria a mínima diferença no filme... Sem falar em algumas sequências, como as cenas em Cuba durante a revolução de 59 que soam completamente deslocadas do resto da história, conferindo um tom de thriller político Internacional para denotar a influência da máfia na política que me pareceu um tanto didática demais para mim, as cenas das audiências públicas de Michael no senado inclusas também. Enfim, um filme muitíssimo bem feito com certos erros pontuais que não consegui deixar pra lá, mas obviamente uma obra respeitável, e certamente mais completa que a anterior.