Preste bastante atenção na montagem de "Crimes de Família", filme dirigido e co-escrito por Sebastián Schindel, pois a forma como ela nos apresenta a história é muito importante para compreendermos o grande segredo que envolve a trama.
Neste filme, acompanharemos o casal Alicia (Cecilia Roth) e Ignacio (Miguel Ángel Solá), que leva uma vida de classe média alta em Buenos Aires. Aos poucos, iremos ver as mudanças que acontecerão na dinâmica entre os dois, a partir do momento em que ambos enfrentarão duas batalhas judiciais da mesma natureza, e que envolvem pessoas muito próximas a eles - o filho único Daniel (Benjamin Amadeo) e a empregada da família Gladys (Yanina Ávila).
Ao enfrentarem essas batalhas judiciais, as diferenças que existem entre o casal e que, devido a anos de relacionamentos, às vezes, são colocadas por debaixo do pano, se acentuam ainda mais. De um lado, uma mãe disposta a fazer tudo pelo seu filho. De outro, um pai cansado da trajetória errante de Daniel. Do mesmo lado, no entanto, patrões que são justos com Gladys, mas que, ao mesmo tempo, não compreendem os motivos que levaram ela a cometer o ato que fez.
Voltando ao início de nosso texto, a montagem de "Crimes de Família" é o elemento mais perspicaz de um filme que carece de um brilho mais intenso - apesar de sua mensagem final ser bastante forte. Nem a performance consistente de Cecilia Roth, com uma personagem repleta de humanidade (com erros e acertos) consegue elevar o nível do longa.