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    Um Crime em Comum
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Um Crime em Comum

    Terror particular

    por Barbara Demerov

    Ao longo da narrativa monótona de Um Crime Comum, uma dúvida paira no ar: o problema de ritmo se origina por conta de Cecilia (Elisa Carricajo), a protagonista, ou da falta de curiosidade que a história transmite? É difícil saber a resposta, uma vez que o longa-metragem de Francisco Márquez não parece estar disposto a entregar ao espectador uma experiência completa dentro do drama ou do terror. O que acontece é uma meia experiência, que sempre acaba por ser interrompida quando ambos os gêneros tentam se fundir.

    A professora interpretada por Carricajo parece absorta do próprio universo em que vive por boa parte do tempo. Aterrorizada por uma escolha que fez em uma noite chuvosa (não abrir a porta para o filho de sua empregada, que acabou por ser encontrado morto no dia seguinte), Cecilia carrega o tempo inteiro essa culpa. Porém, Um Crime Comum se esquece de pontuar que a vítima não é a protagonista, mas sim Kevin (Eliot Otazo), tido como exemplo da violência policial em comunidades.

    Toda a atenção de Márquez recai na mulher, uma mãe atenciosa de classe média que vivia tranquilamente até a fatídica noite, e logo isso torna-se um grande problema. Não só pela questão do ritmo, já citada, mas também porque o próprio roteiro se afasta do problema real desta história. Mascarando a violência através do ato de Cecilia, que optou por dispensar qualquer ajuda ao próximo para proteger a si mesma e ao filho, o drama nunca cresce dentro de sua temática.

    Por diversos momentos, vemos Cecilia ser "assombrada" pelo fantasma de sua escolha e, com isso, algumas cenas mergulham em uma atmosfera que, em teoria, era para ser aterrorizante. Mas o resultado acaba por ser oco, já que a protagonista não é desenvolvida o suficiente para causar empatia em quem acompanha sua história.

    Assim como a mulher, Um Crime Comum não encara de frente os problemas sociais que estão à sua volta; e, diante das pessoas que convivem com Cecilia (como sua própria empregada), é uma pena não observar mais trocas e situações que a façam sair de sua bolha. Apenas em seu último ato o filme tenta se redimir e faz com que Cecilia encare as consequências, mas o impacto parece ter sido fragmentado a partir da tensa sequência em que Kevin pede por ajuda. Após um clímax antes da hora, o filme não é capaz de apoiar tal força em uma personagem que carece de mais camadas ou, simplesmente, altruísmo.

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