“Resistencia é um filme ambicioso, criativo e visualmente magnifico”
Foram produzidos diversos filmes que abordam o tema da inteligência artificial, tanto no passado quanto mais recentemente. Até alguns anos atrás, a IA era considerada algo completamente fictício, existindo apenas na ficção, e muitos projetos audiovisuais exploravam a possibilidade de sua existência no futuro. Hoje, a inteligência artificial é uma realidade e faz parte do mundo moderno, embora sua representação no cinema muitas vezes seja diferente da realidade.
Muitos filmes ainda sugerem que a inteligência artificial poderá se revoltar contra a humanidade, mas essa parte permanece no campo da ficção, e esperamos que continue assim. Vários projetos estão abordando esse tema. Portanto, é um assunto atual e importante.
Qual a história de Resistência?
Resistência é um filme de drama e ficção científica que se passa em um futuro distante, em meio a um planeta tomado por uma intensa guerra entre seres humanos e inteligência artificial. O ex-agente Joshua (John David Washington) é recrutado para localizar e matar o Criador - um misterioso arquiteto responsável por desenvolver uma arma capaz de acabar com o confronto e com toda a humanidade. Joshua e sua equipe partem, então, para um território sombrio ocupado pela IA, mas acabam fazendo uma descoberta chocante: a arma que devem destruir é, na verdade, uma inteligência artificial em forma de criança.
O roteiro é muito bom e extremamente criativo. Logo no início do filme, somos apresentados a Joshua, que demonstra ter uma opinião muito forte sobre a inteligência artificial, acreditando que são apenas robôs programados e nada mais. A jornada do protagonista é focada em corrigir essa concepção equivocada. Seu arco narrativo é incrivelmente interessante, mostrando sua transformação ao longo da história e o que o faz mudar de perspectiva em relação à inteligência artificial.
No início da trama, Joshua decide embarcar em busca da arma por motivos pessoais, com a esperança de encontrar sua esposa, a qual ele acreditava estar morta até que mostram uma imagem e ele a reconhece e aceita ir atrás da arma com o objetivo de achar a sua esposa que é um Membro da resistência dos robôs. Joshua encontra a arma, que na verdade é uma criança, e descobre que ela viu sua mulher e sabe onde está. A partir disso, ele decide fugir com a criança em busca de sua esposa.
Ao longo da trama, Joshua e a criança vão se aproximando, até que se tornam próximos. A relação entre eles é muito bem desenvolvida e se destaca como uma das melhores qualidades do filme. Isso nos aproxima dos personagens e faz com que realmente nos importarmos com eles, além de nos emocionar com suas jornadas.
O filme se desenrola em um cenário futurista. A maior parte da história ocorre em ambientes rurais, mas quando há cenas urbanas, o cenário é cuidadosamente elaborado, dando-nos a sensação de estarmos realmente no futuro. A narrativa se passa principalmente na Nova Ásia em 2065.
Os ambientes nos fazem imergir no futuro, especialmente por meio dos robôs que possuem uma aparência humana, com exceção de uma placa de metal na parte de trás de suas cabeças, e também dos robôs completamente feitos de metal. Além disso, o filme apresenta objetos futurísticos, como carros que diferem dos veículos que usamos atualmente, e dispositivos tecnológicos que ainda não existem em nosso mundo atual.
O protagonista usa uma roupa especial com um colete, é uma vestimenta de combate. A criança utiliza meio que um macacão que tem coisas escritas. Nos momentos que ela está em fuga usa um gorro para esconder a parte de metal de sua cabeça e para ninguém saber que ela é um robô e coloca um tecido leve por cima de seu macacão.
A fotografia é uma das maiores virtudes do filme, pois consegue criar um visual impressionante por meio da iluminação e dos enquadramentos. A iluminação contribui para dar profundidade e volume às cenas, além de desempenhar um papel fundamental na construção das emoções.
Ao longo do filme, são utilizados muitos planos abertos, que desempenham um papel importante na contextualização, destacando o cenário espetacular que o longa apresenta. Isso faz todo o sentido, dado o cenário incrivelmente bem elaborado, seria um desperdício não explorá-lo. Os planos fechados são reservados para momentos de maior carga emocional. Mesmo com um cenário deslumbrante que poderia, por vezes, distrair, os planos fechados se concentram nos personagens e em suas expressões durante esses momentos emocionais intensos.
Esses planos fechados desempenham um papel crucial ao capturar as emoções dos personagens, evocando uma resposta no público, mantendo o foco nos sentimentos dos personagens. Em resumo, a utilização inteligente de diferentes tipos de planos contribui significativamente para a construção da narrativa.
A edição do filme é boa. Logo na primeira cena, a inclusão de vídeos em formato de relatos que dá a sensação de que os eventos realmente aconteceram, tornando o mundo apresentado mais verossímil. A montagem desempenha um papel crucial em mostrar o significado da mulher de Joshua para ele. Sempre que ele está triste, a edição apresenta rapidamente momentos que os dois compartilharam, o que intensifica o impacto dessas cenas. Além disso, a montagem contribui para o ritmo da narrativa, fazendo cortes nos momentos apropriados e criando uma fluidez entre as cenas.
A trilha sonora é composta por Hans Zimmer, um renomado compositor que já criou músicas para diversos filmes de grande sucesso. Mais uma vez, Hans Zimmer entrega uma excelente trilha sonora que contribui significativamente para a narrativa e a atmosfera do filme, amplificando os sentimentos transmitidos. A trilha funciona de maneira eficaz em todas as situações em que está presente, seja em momentos emocionais, com músicas tristes e sentimentais, ou em cenas de ação, em que a trilha agitada proporciona ritmo e intensidade.
Os efeitos sonoros são de alta qualidade, e há um momento em que a ausência de som foi uma escolha acertada, pois conseguiu criar um impacto ainda maior do que se tivéssemos a presença dele.
As atuações são boas, destacando-se principalmente John David Washington e Madeleine Yuna Voyles. Esses dois demonstram uma excelente química e uma interação cativante. Além de desempenharem seus papéis com maestria, suas performances conseguem amplificar os aspectos positivos do filme, estabelecendo uma conexão sólida entre o público e os personagens, levando-nos a torcer por eles.
O diretor deste filme é Gareth Edwards. Após dirigir ‘Rogue One’, ele deu uma pausa em sua carreira, e ninguém sabe ao certo o motivo. Agora, em seu retorno com o lançamento de ‘Resistência’, ele retorna da melhor maneira possível, entregando uma direção muito competente que consegue criar um projeto visualmente incrível, com cenas de ação habilmente dirigidas, e incorpora alguns elementos que lembram seu filme anterior, ‘Rogue One’. Em certos momentos, é possível perceber algumas semelhanças entre esses filmes.
No geral, ‘Resistência’ é um ótimo filme que vale a pena ser apreciado no cinema, especialmente devido ao seu visual impressionante. Os entusiastas de ficção científica certamente irão apreciar este longa, mas até mesmo aqueles que não são tão aficionados pelo gênero podem gostar graças ao seu roteiro sólido e à envolvente relação entre Joshua e a criança.