Inspirado no julgamento de Fabienne Kabou, 36 anos, senegalesa, na época em que escrevia sua tese de doutorado em Filosofia, acusada de ter abandonado a sua filha de 15 meses por ocasião da maré alta na praia de Berck-sur-Mer. Segundo ela "entregou sua filha ao mar". Em francês, mar é feminino e tem a mesma pronúncia da palavra mãe. No filme Rama, professora universitária e escritora, forma com Laurence Coly, representando Fabienne Kabou, um par de negras em um tribunal de brancos. Rama assiste ao julgamento por estar escrevendo uma versão moderna da peça Medéia, de Eurípedes. Laurence, vestida em tons de ocre, durante seu depoimento permanece quase estática contra uma parede de madeira. Praticamente invisível. Pesado, lento, denso e obscuro o filme permite que o espectador fique à vontade para interpretar o que vê de variadas formas, já que não oferece nenhuma conclusão gratuita.