"Pessoas desesperadas cometem atos desesperados. Simples assim". Com essa fala, Fox Rich justifica o que ela, o marido Rob e um sobrinho deles fizeram em 1997: o assalto a um banco, na cidade de Shreveport, por causa das dívidas que eles tinham relacionadas à loja da família. Em consequência disso, Fox (que, na época, estava grávida de gêmeos) foi condenada a 3 anos e meio de prisão; enquanto que Rob recebeu uma condenação mais dura: 60 anos de prisão, sem a possibilidade de progredir o seu regime para a liberdade condicional.
O documentário "Time", dirigido por Garrett Bradley, acompanha a jornada de 20 anos de luta de Fox (que se chama, originalmente, Sybil Richardson) em busca da liberdade de seu marido. Por trás dessa história de amor incondicional, existe também um grande relato de superação. Após a prisão, Fox se reinventou por completo, como palestrante, empresária de sucesso (no ramo de venda de veículos) e ao indicar o bom caminho para os seus filhos (todos venceram na vida pela educação).
Mesclando imagens atuais, com vídeos caseiros feitos por Fox ao longo de todos esses anos, "Time" é um documentário que nos mostra algo muito positivo: uma mulher que não se conformou em nenhum momento e que não foi definida pelo crime que cometeu, conseguindo se reerguer como pessoa, como profissional e como integrante de uma comunidade, fazendo o possível para ajudar também outras pessoas. A decisão do diretor pela fotografia em preto e branco confere uma autenticidade maior à história que assistimos e nos aproxima do drama vivido, não só por Fox, como também pelo seu marido e filhos. Os diálogos em que estas personagens divagam poeticamente sobre o tempo são alguns dos pontos altos de "Time", afinal esta é uma história também sobre aprender a ter paciência e esperança, sabendo que, para tudo, se tem o instante certo - na medida em que Fox, na sua jornada, teve adversários difíceis, como a lentidão do judiciário para definir a situação de Rob, e também o racismo existente no sistema prisional norte-americano.