O filme inicia nos apresentando o modo como a sociedade percebe a personagem principal, Sarah: tímida, introspectiva, que trabalha normalmente, é bem articulada nas palavras com os seus clientes em uma loja de tecidos.
De leve, o filme mostra pequenas facetas pessoais da Sarah, que nos revela a presença problemas psicológicos da personagem; neste momento, o filme é visto pela perspectiva de quem é próximo a ela (observados, por exemplo, pela colega de apartamento, que a vê como uma pessoa "estranha", e pelo namorado da colega, com a cena em que ele presencia um ato de sonambulismo). Logo após, somos introduzidos superficialmente aos seus traumas, levando-nos sutilmente a versão de como a Sarah realmente é intimamente. Nesse momento são mostrados cenas como: a amiga que cai do cavalo e fica com sequelas e o suicídio de sua mãe.
Então, a sequência se aprofunda no mais íntimo da personagem, nos exibindo a distorcida mente da Sarah, revelando o que se passa internamente: alucinações visuais, sonoras, perturbação mental, sensação de perseguição e conspirações. Percebemos que sua mãe sofria de depressão e sua avó materna sofria de problemas psicológicos.
Essas sensações pessoais, as quais adentramos do meio para o fim do filme, representam classicamente sinais e sintomas de um paciente com esquizofrenia sem insight (aqueles que não conseguem compreender que de fato, seus pensamentos delirantes, não são reais).
No terço final do filme, adentramos na mais pura psicose da Sarah, com um final esperado, pois, infelizmente, é comum neste tipo de transtorno e em seu contexto pessoal.
P.S. Quem tem interesse pelo comportamento humano, pelo contexto do que é um paciente esquizofrênico ou pelo tema Psiquiatria, recomendo com cinco estrelas este filme.