Tyler Perry (Tartarugas Ninja Fora Das Sombras, Vice) dirigiu, roteirizou e produziu 'A Fall From Grace' (O Limite da Traição, no Brasil) produção original da Netflix, que conta a história de uma mulher, Grace, divorciada que está desesperadamente reconstruir sua vida, tentando encontrar um novo amor, um novo respiro, e ao encontrar no jovem e bem sucedido Shannon, ela acredita que encontrou novamente a felicidade, porém, em uma reviravolta ela acaba sendo traída por Shannon e para na prisão por um suposto crime que não cometeu. Agora ela terá a ajuda da aspirante a advogada Jasmine, que tentará a inocência de Grace mesmo tendo casos fracassados em seus ombros... porém, há muito por trás desta história a ser desvendado.--
Tyler Perry têm outros trabalhos mais voltados para a comédia/entretenimento, com séries e filmes de autoria própria, porém com este filme é a primeira tentativa de Tyler em fazer um longa totalmente de drama, apesar de já ter feito trabalhos mais sérios como ator como em 'Vice'.
Na minha opinião, não achei muito satisfatório o trabalho de Perry em 'A Fall From Grace', depois de conferir o longa, achei que faltou ao filme identidade, sofre de um roteiro não muito abrangente e muito clichê, apesar das atuações serem satisfatórias, Perry também insulta nossa inteligência com resoluções para alguns acontecimentos da forma mais surreal possível.--
Infelizmente tudo o que vemos no filme já foi mostrado em tantos outros filmes por aí fora que trata deste assunto específico, onde a mulher desiludida da vida procura um novo amor e um novo recomeço, é conquistada, se apaixona perdidamente e depois perde tudo para seu novo companheiro que mostra que não é o homem que ela achava que era, e o ato final, para quem já conhece este tipo de roteiro acaba sendo fácil de ser desvendado... o que faz você acompanhar o resto do filme pelo fato de terminar o que já começou. Perry fez uma junção de ideias existente, não trouxe nada de novo para a história que está contando e não se aprofunda em alguns destaques inseridos na trama, como nos casos mal sucedidos da advogada Jasmine, onde poderia se aprofundar mais um pouco em seu passado e o quão esses casos impactaram negativamente em sua baixa estima como profissional, mas que acabou ficando pelo caminho.
Infelizmente Perry também dá resoluções nada satisfatórias para algumas cenas, por exemplo na cena onde Shannon é golpeado várias vezes na cabeça, a impressão que fica pelo resultado de tal ato é de que o personagem morre, óbvio, mas milagrosamente ele continua vivo e luta como se não tivesse nenhuma sequela no ato final do filme... ou seja, Perry insulta nossa inteligência com atos como esse, uma vez que seu filme apesar de se tratar de um ficção, é uma ficção ambientada no mundo real, não em algo mais fantasioso como Vingadores ou Piratas do Caribe... esperamos um mínimo de bom senso para algumas resoluções.--
Apesar do filme ter inúmeros problemas, um ponto forte do filme é a direção de Perry, neste quesito ele faz uma direção muito digna, acertando a mão em alguns ângulos de câmera, em algumas tomadas para favorecer alguns personagens em cenas mais dramáticas ou cenas para maior entendimento. Perry consegue tirar o que precisa do elenco em cenas chaves, dando uma boa imersão de drama quando o filme pede, isso além de ser mérito do elenco que é muito competente, também é mérito do diretor que também uma grande parcela em conduzir o elenco ao resultado necessário em tela.--
Na questão do elenco, não temos tantos destaques assim, todos são competentes mas fazem o que se espera do talento deles, a que mais se destaca positivamente e negativamente é Crystal Fox que faz protagonista Grace, sua atuação é ótima, ela consegue dominar a dramaticidade em cena muito bem e entrega uma ótima performance, com uma imersão completa na dor da personagem... porém, o ponto negativo fica por conta do flashback narrado por ela de como ela conheceu Shannon e como as coisas chegaram ao ponto atual. Achei a narração de Crystal muito plástica, fora do tom da personagem, antes de narrar o acontecimento ela está na carga dramática necessária na prisão e ao narrar, seu tom muda e fica uma narração muito fantasiosa, totalmente fora do tom do filme... não parece que ela está narrando os fatos dramáticos que lhe acometeram e sim contando uma história, uma fábula, totalmente fora do tom e desnecessária tal escolha, que obviamente foi feita por Tyler Perry.
O elenco conta com dois atores que já conheço, Mehcad Brooks como Shannon e Adrian Pasdar, ambos atuaram na série SuperGirl da DC. Porém a decepção ficou por conta de Adrian Pasdar (Agents Of Shield), não pela atuação mas pela falta de... Adrian apareceu em apenas UMA cena com meia dúzia de palavras, e mais nada... fico pensando que talvez ele e Perry sejam amigos e Perry o chamou para fazer uma ponta em seu filme, porque é a única explicação plausível, pois foi totalmente um desperdício de talento, afinal Adrian é um ótimo e versátil ator.--
Realmente esperava mais de 'O Limite da Traição', pois têm uma boa premissa, uma narrativa que poderia ter sido melhor explorada e conduzida, além de ter um elenco que poderia ter feito um trabalho mais acima da média se tivessem um roteiro mais completo e abrangente em mãos. O resultado na minha opinião foi que o filme ficou mais devendo que ganhando e o resultado foi fraquíssimo.