The Worst Person in the World Dir. Joachim Trier
“Everybody moved on. I, I stayed there” -Taylor Swift
“The Worst Person in the World”, dirigido por Joachim Trier, é um filme que explora as complexidades da vida moderna, relacionamentos e a busca incessante por identidade e propósito. O filme gira em torno da vida de Julie, uma jovem mulher tentando encontrar seu lugar ao sol, enquanto lida com as pressões e expectativas da sociedade.
A citação de Taylor Swift, “Everybody moved on. I, I stayed there”, captura perfeitamente a essência do conflito interno dela, que é central para a narrativa e desenvolvimento do filme, que segue Julie (uma mulher de 30 anos que ainda está lutando para definir quem ela é e o que quer da vida) O filme é estruturado em 12 capítulos, um prólogo e um epílogo, oferecendo um retrato fragmentado e introspectivo da vida de Julie. Através de suas relações amorosas e decisões profissionais, onde vemos Julie navegar por suas inseguranças, sonhos e arrependimentos.
Uma das mensagens centrais (que consegui capturar) do filme é a exploração da identidade como uma formação inter-social e a transição para a vida adulta. Julie representa uma geração que enfrenta a pressão de “ter tudo resolvido” (isso baseia-se no fato da mãe dela sempre a apoiar em suas mudanças de ciclo repentinos (o que é muito bom) mas a deixa muito confortável para sempre fazer o'que dá na telha nem sempre se importando com os outro (não que ela deva nada, né) mas responsabilidade afetiva, muitas vezes ela não teve) em um mundo onde as possibilidades são quase infinitas, mas as escolhas são paralisantes.
Quando Taylor Swift disse “Everybody moved on. I, I stayed there” ala sugeriu (explicitamente, para mim) um sentimento de paralisia e estagnação, que é oque Julie frequentemente sente pois enquanto todos ao seu redor parecem avançar em suas vidas. Esta sensação de ficar para trás e a luta para se encontrar são sentimentos universais que ressoam profundamente com os jovens-adultos das gerações Milenial-Z.
O título do filme, “The Worst Person in the World”, funciona como uma metáfora subdesenvolvida em relação à personagem principal, Julie. Ao longo do filme, Julie frequentemente se vê confrontada com suas próprias imperfeições e decisões equivocadas. Ela questiona suas escolhas e o impacto que tem nas pessoas ao seu redor, muitas vezes sentindo-se a "pior pessoa do mundo". No entanto, esta percepção é mais um reflexo de sua auto-crítica e insegurança do que uma realidade objetiva.
O título sugere uma introspecção e um julgamento severo que Julie impõe a si mesma. Em várias situações, ela é consumida pela culpa e pela sensação de inadequação, acreditando que suas ações a tornam indigna ou falha. Esse sentimento é culminado á sociedade com suas expectativas á enfrentar, tanto externamente quanto internamente. Contudo, à medida que a narrativa se desenrola, fica claro que Julie, como todos nós, está apenas tentando navegar pelas complexidades da vida e encontrar seu próprio caminho.
Julie é uma personagem complexa e multifacetada. Sua indecisão e busca por sentido são interpretadas de forma brilhante por Renate Reinsve, cuja atuação lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes. Os relacionamentos de Julie com Aksel (Anders Danielsen Lie) e Eivind (Herbert Nordrum) são fundamentais para a narrativa, cada um representando diferentes caminhos e possibilidades para sua vida. Aksel, um autor de quadrinhos mais velho, simboliza a estabilidade e a maturidade, enquanto Eivind, um barista com uma abordagem mais casual da vida, representa liberdade e espontaneidade.
Joachim Trier, juntamente com o co-roteirista Eskil Vogt, criaram uma narrativa que é ao mesmo tempo introspectiva e universal. A estrutura em capítulos permite uma exploração profunda dos diferentes estágios da vida de Julie, refletindo a fragmentação e a incerteza da vida moderna. A direção de Trier é sutil, mas poderosa, utilizando a cinematografia para capturar a beleza e a melancolia de Oslo, que serve como pano de fundo perfeito para a jornada emocional de Julie.
O filme é visualmente deslumbrante, com uma cinematografia que captura a essência de Oslo e a jornada interna de Julie. A trilha sonora é cuidadosamente escolhida, complementando as emoções dos personagens e a atmosfera do filme. A estética do filme é um reflexo perfeito do estado emocional de Julie, com momentos de realismo mágico que sublinham a natureza introspectiva da narrativa.
“The Worst Person in the World” é um retrato incisivo da geração millennial, explorando temas como a busca por identidade, a pressão social e a inevitável passagem do tempo. Em um mundo onde as redes sociais muitas vezes apresentam uma versão idealizada da vida, o filme de Trier oferece uma visão honesta e crua das lutas internas que muitos enfrentam. A citação de Taylor Swift é um lembrete pungente de que, apesar das aparências, muitos se sentem deixados para trás ou perdidos em suas jornadas pessoais.
“The Worst Person in the World” é um filme profundamente humano e emocionalmente ressonante. Joachim Trier, através de uma narrativa habilmente construída e performances excepcionais, cria um retrato íntimo e universal da busca por identidade e propósito. O filme nos lembra que a jornada para se encontrar é frequentemente solitária e cheia de incertezas, mas é também uma parte essencial da experiência humana. Com sua direção sensível e estética envolvente, este filme é uma reflexão poderosa sobre a vida moderna e as complexidades da existência.
A frase de Taylor Swift encapsula perfeitamente o sentimento central do filme, onde o progresso pessoal e a busca por significado são experiências profundamente individuais e, muitas vezes, solitárias. “The Worst Person in the World” é uma obra-prima que ressoa com qualquer um que já se sentiu perdido ou deixado para trás em sua jornada para se encontrar.
Texto e revisão por: Fernando Marçal