Eu, particularmente, nunca tive - ou não me recordo se tive -, mas é muito comum, na vivência da infância, que algumas crianças tenham o que comumente se chama de um amigo imaginário. Aquela presença que a gente não vê, mas que faz companhia às crianças, nos diversos momentos que são vividos nessa época. O filme “Amigos Imaginários”, dirigido e escrito por John Krasinski, aborda esse tipo de relacionamento.
É interessante pontuar como o roteiro nos apresenta à protagonista Bea (Cailey Fleming). Quando encontramos ela, na infância e na adolescência, ela estava vivenciando dois momentos muito difíceis, envolvendo enfermidades enfrentadas pelos seus pais. Aqui, podemos fazer um parênteses na maneira como Krasinski enxerga a presença dos amigos imaginários na vida de Bea: seriam eles uma forma de escape que ela encontrou para não encarar a dor de ver quem ela ama sofrer?
Embora não se aprofunde nessas questões, a realidade é que a experiência de assistir a “Amigos Imaginários” me lembrou muitos os sentimentos que eu tive vendo os filmes da série de animação “Toy Story”. Assim como a relação que desenvolvemos com os nossos brinquedos é temporária, uma vez que vamos crescendo, amadurecendo e os brinquedos passam a não ser mais atrativos para nós, deixando de ser as nossas companhias; o mesmo se aplica aos amigos imaginários. Talvez, quando perdemos a inocência da infância, eles passem a não aparecer mais pra gente - ou passamos a não enxergar mais a presença deles.
No final, “Amigos Imaginários” chama a atenção pela sensibilidade com que aborda o seu tema principal e, principalmente, não deixa de ser um lembrete para todos nós que chegamos à vida adulta esquecendo de manter aceso o nosso lado infantil, ingênuo e que consegue enxergar na vida, mesmo diante dos obstáculos mais complicados, o lado positivo.