Assistam... mas sem grandes expectativas.
Aguardei com certa ansiedade o documentário “Chorão: Marginal Alado”, e fiquei decepcionado.
Não sei se houve dificuldades com recursos para fazer o filme, limitações de equipe ou algo do tipo, mas o resultado foi pra lá de razoável. Algumas reportagens citaram que foram centenas de horas de filmagens, mas o documentário tem apenas 1h16min, com muitas abordagens superficiais e diversos trechos já muito conhecidos, disponíveis no Youtube, a partir gravações realizadas por redes de TV. Portanto, pouca coisa nova. Além disso, o documentário não aprofunda questões que seriam essenciais, como o processo de composição de Chorão e da banda, que catalisou com maestria diferentes estilos musicais que marcaram os anos 1990 e 2000.
Não foi feita uma contextualização com a história do Brasil e da cena da cidade de Santos, isso apenas foi citado. Aliás, o documentário inteiro é cheio disso, algo relevante é citado, mas não é mostrado, esmiuçado, um exemplo foi a construção de uma ala no Hospital para tratamento de câncer em Barretos, com o financiamento de Chorão. Faltou demonstrar também maior conhecimento e detalhes de sua infância e de outros integrantes da banda. Alguns ex-integrantes, como Pinguim e Heitor, nem apareceram como entrevistados, assim como senti falta de artistas como Marcelo D2 e Falcão, que conviveram com Chorão e fazem parte de uma geração brilhante. Alguns dos shows mais emblemáticos da banda, como com o Link Park, no Morumbi, em 2004, também não constam no filme. Há poucas cenas de bastidores, e essas são as melhores, como no encontro de Chorão como uma fã pela janela da van e Champignon explicando sua animação (vodca com energético) para entrar no palco. Outra falha, não mencionaram a relação de Chorão com o time do Santos.
Enfim, um documentário que, embora seja respeitoso, deixa muito a desejar.
Como mostrado no próprio documentário, um cara exigente e complexo como Chorão, provavelmente reprovaria um documentário preguiçoso como esse.
No entanto, quando terminamos de assistir o filme e comecei a reclamar da produção, olhei pra minha filha, e ela estava chorando, emocionada, podendo conhecer um pouco melhor o artista e o ser humano tão citado e ouvido pelo pai. Ela pode acompanhar depoimentos e imagens que mostram as complicações da vida adulta e entender que a fama não é tão glamourosa assim. Para isso o documentário serve bem, apresentar Chorão e o Charlie Brown Jr ao mais novos. É um pequeno registro de uma grande trajetória.