Classificar Coringa – Delírio a Dois como comédia musical, suspense, como muitos críticos o fizeram, no meu entender, não é correto. Coringa 2 é um filme sério, forte, é um drama. O filme, de 2h18min, traz, evidentemente, Joaquin Phoenix, e apresenta Lady Gaga como parceira, em ótima performance, que junto a Joaquin, dá um show de interpretação. Apesar das músicas cantadas pelos atores, algumas à Capela, não é um musical; nem todos os filmes com músicas (a maioria tem) são musicais. West Side Storie sim, é um musical, porque a história e o enredo são contados a partir dos cantos dos atores; ou seja, a história contada é cantada, diferentemente deste filme, que podemos conceituar musicado, e não musical. E as músicas selecionadas são encaixadas de forma inequivocável no momento certo, adequado ao drama, ao sofrimento, ao fato, ao ato, à circunstância, à ilusão, à esperança e à dor, enfim, aos sentimentos vividos por Joaquin e Gaga. São clássicos americanos do mais alto nível, como What The World Needs Now Is Love e Close To You, ambas de Burt Bacharach; For Once In My Life, do icônico Stevie Wonder; Bewitched, de Richard Rodgers, entre outras lindas canções; são 35 ao todo. E reafirmo que não é comédia não, pois só que tem o direito de rir é o próprio Coringa. É um filme triste, emotivo, que explicita os dramas de um menino de 7 anos que sofreu constantes abusos sexuais, psicológicos e físicos, com uma mãe permissiva, cujo sofrimento o imputou a ser o Coringa. As cenas no tribunal são espantosas! No filme original, Joker — o inimigo número um do Batman —, profere: “Por que eu devo pedir desculpas por ter me tornado um mostro? Ninguém me pediu desculpas por ter me deixado deste jeito“. E em outro argumento, Coringa pronuncia: “Eu sou muito insano para te explicar, e você é muito normal para me entender”. Talvez esta sirva de carapuça aos críticos e ao público que atribuiu uma única estrela. Com um roteiro surpreendente e ótima direção de Todd Phillips, faz de Joker – Folie à Deux imperdível. É necessário assistir ao primeiro filme. A realidade é que as pessoas amam o Coringa mas não amam a pessoa Arthur Fleck, inclusive, e principalmente, Harleen “Lee” interpretada por Lady Gaga. Abro parêntese para criticar o estado das salas de projeção, pequenas, com poltronas quebradas (se é que se pode chamar de poltrona), barulhos externos, além da falta de educação de certas pessoas que insistem em ficar ao celular. Saudades dos glamorosos cinemas de rua, afinal cinema apresenta Arte, e merece todo o respeito de todos. Apesar da crítica e grande parte do público não o classificarem bem, eu gostei tanto o filme que coloquei um quadro de Joaquin e Gaga, caracterizados, claro, numa parede do meu petit studio. Encerro, abordando que o início do filme é bem criativo, que parece um trailer, talvez seja, e é incrível!