A noite do triunfo
França, 2022
O desiludido ator de teatro Etienne recebe um convite curioso, porém desafiador: dar aulas de encenação a um grupo de detentos num presídio francês.
A turma é composta por cinco homens, cuja pena a cumprir, o professor prefere não saber.
São penas graves. Porém, a caminho de terminar. Pelo menos, é o que parece.
Com esse elenco para trabalhar, Etienne em vez das habituais aulas de improvisos e fábulas, ministradas pelos antigos colegas de profissão, opta por encenar com eles um clássico do Teatro do Absurdo: Esperando Godot, de Samuel Beckett.
A ideia inusitada, a princípio provoca estranheza entre os presos e desaprovação da instituição.
No entando conforme os dias avançam, os encarcerados kamel, Moussa, Patrick, Jordan e Alex percebem, cada vez mais semelhanças entre suas esperas e a de Vladimir, Estragon, Pozzo, Lucky e o garoto, seus personagens, respectivamente, na peça teatral.
Godot nunca chega, a liberdade e dias melhores estão distantes, no fim das contas.
Os absurdos da história de Beckett não chega aos pés dos da vida real daqueles homens rudes, inconstantes e voilà! bons atores.
Os encontros semanais entre Etienne e seu elenco tornam-se cada vez mais frequentes e intensos.
Dores, temores, dissabores e alguma diversão envolvem professor e alunos e a essa altura do filme, um assistente de direção pra lá de inusitado e adequado a narrativa. O faxineiro russo Bojko, o alívio cômico da dramédia.
Os ensaios inspirados e rigorosos de Etienne, após seis meses, rendem ótimos resultados. A então única apresentacão programada, transforma-se em diversas. Ao longo dos seis meses seguintes, nossos personagens tem a oportunidade de flertar com a "liberdade" e esse gatilho, uma vez disparado gera medo, expectativas, apreensão e dúvidas. Etienne padece igualmente das mesmas questões.
Um convite inesperado e irrecusável para atuar no Odeon de Paris, sela de maneira irreversível o destino de todos.
Fim de espetáculo mais Beckttiniano!? Impossível.