Enquanto vivo
França, 2020
Festival Varilux
Benjamin, professor de teatro, 39 anos, solteiro, bem sucedido e com um diagnóstico devastador: um câncer de pâncreas em estágio avançado, poucas chances de cura e curto tempo de vida.
Com um enredo desses é natural se pensar em um filme sombrio e deprimente. Não é. Uma certa melancolia enreda a história, mas ela é recheada de ternura.
Em princípio, a contragosto, o protagonista aceita os tratamentos paliativos, que lhe são oferecidos. Com o passar do tempo, percebe que serão determinantes para pouca vida que lhe resta. Enquanto está bem, prepara seus alunos para entrada no Conservatório e tem com eles aulas inspiradas, com emoções à flor da pele.
Durante as internações para quimio e outros procedimentos, entra em contato com um hospital, cuja leveza domina o ambiente, apesar das doenças fatais que permeiam o lugar. O Dr. Eddé é um Oncologista que além dos tratamentos protocolares, traz música e dança aos pacientes, bem como, aos enfermeiros e demais funcionários. Há conversas esclarecedoras sobre vida, dor e morte, sem meandros, sem rodeios e carregadas de compaixão e verdade.
Paralelamente, a mãe de Benjamin, Crystal, sofre com o destino inaceitável do filho. Encontra conforto no próprio hospital. Como de praxe, em filmes com sentenças de morte, um segredo do passado emerge, para alterar as tramas do destino e trazer a todos novas perspectivas. As estações do ano são as tristes elipses, que nos informam, que o fim do nosso protagonista está próximo. Nos provocam sentimentos ambiguos, de esperança e descrença.
O final esperado, certeiro e sensível, nos arranca lágrimas discretas, resignadas e nostálgicas.