Stanley Kubrick é um dos grandes gênios da história do cinema. Perfeccionista e controlador ao extremo, o diretor gostava de ter sob seu comando todos os aspectos de suas produções. Sua filosofia de trabalho, no entanto, deu muito certo. Ele é responsável por, no mínimo, 5 obras primas: Glória feita de sangue (1957), Laranja mecânica (1971), Dr. Fantástico (1964), 2001 - Uma odiséia no espaço (1968) e O iluminado (1980). Em seu currículo, ainda constam outros grandes filmes como Spartacus (1960), Barry Lindon (1975), De olhos bem fechados (1999) e este Nascido para matar (1987). É interessante observar que este diretor tão brilhante nunca tenha sido unanimidade. Ele foi alvo de duras críticas: pela violência em Laranja Mecânica, pelo erotismo em Lolita, pelo humor negro em Dr. Fantástico, entre outras. Na filmografia de Kubrick, o tema da guerra ocupa um lugar privilegiado. Glória feita de sangue se passa durante a Primeira Guerra Mundial, Dr. Fantástico, durante a Segunda Guerra e Nascido para matar, durante a Guerra do Vietnã.
Fortemente inserida no contexto da Guerra Fria, a Guerra do Vietnam opunha basicamente o comunismo e o capitalismo. Ela começou como um conflito entre as duas partes do país: o norte comunista e o sul nacionalista. A intervenção massiva dos Estados Unidos, fez com que a guerra tomasse dimensões catastróficas, causando grandes perdas humanas e uma grande insatisfação do povo estadunidense. A guerra se prolongou de 1959 a 1975 e representou a primeira derrota militar dos Estados Unidos. Nascido para matar, baseado no romance de Gustav Hasford, foi ofuscado, na época do seu lançamento, pelo grande sucesso de Platoon, de Oliver Stone. Platoon também tem como tema a guerra do Vietnam e ganhou 4 Oscars, inclusive de Melhor Filme e de Melhor Diretor. Apesar de Platoon ser mais conhecido, ainda hoje, muitos especialistas consideram Nascido para matar melhor que o filme de Stone. No entanto, há uma diferença muito grande no tom dos dois filmes. Se o filme de Stone se concentra na ação e no drama, o filme de Kubrick dispõe de um humor e uma crítica absolutamente ácidos.
Nascido para matar (Full Metal Jacket em inglês, mome de uma munição) conta a história de um grupo de rapazes que, após se alistarem no exército, passam por um duro treinamento e são enviados para o Vietnam. O filme pode ser dividido em duas partes: os primeiros 45 minutos mostram o treinamento/tortura dos soldados e o restante da produção mostra a ação no Vietnam. Sem créditos iniciais, o filme já nos lança , em sua primeira cena, à raspagem dos cabelos dos jovens que acompanharemos na continuação do filme. Esta cena é acompanhada de uma música country cujo refrão diz "Adeus querida, olá Vietnam!". Kubrick joga com os estereótipos, com a ironia e o humor o tempo todo. Ao mesmo tempo em que a cena de abertura é agressiva, também é patética.
Full Metal Jacket
O filme é dividido em duas partes... a primeira é simplesmente PERFEITA, retrata o treinamento dos Marines americanos para a guerra do vietnã. Depois na guerra em si, teoricamente o filme deveria ficar ainda melhor, mas não mantém a mesma qualidade do início, apesar de ainda ser muito bom. Um ótimo filme de guerra.