O filme AWAKE, que significa DESPERTO, traz temas importantes a baila, mas infelizmente não se aprofunda em nenhum. O roteiro parte da premissa que uma interferência desconhecida desliga todos os sistemas eletromagnéticos do planeta: por exemplo, carros modernos com tanques cheios de combustível não servem para nada, pois a ignição dos mesmos é elétrica. A interferência também causou estragos no relógio biológico de seres humanos e chimpanzés, sabidamente primatas geneticamente semelhantes aos humanos, e como consequência nenhuma pessoa (ou chimpanzé) consegue dormir. O foco volta-se então para os danos cerebrais e comportamento bizarro que qualquer pessoa fica sem ter o devido descanso, a chamada "privação de sono". A personagem principal, uma militar, lembra que privação de sono é um método de tortura usado em guerras. Uma menina, filha da personagem principal, consegue dormir, e se transforma numa pessoa especial. Então a trama mostra como religiosos e cientistas encaram tal fato - religiosos transtornados pela falta de sono vão para o fanatismo, querem matar a menina, lembrando-se que Jesus foi sacrificado por uma causa maior. Entra em cena cientistas, que estão longe de ser os mocinhos do filme. Eles querem estudar a menina, ainda que sejam uma equipe insone, colapsando. Ciência e religião disputam a criança, e a personagem principal mostra a que veio: ela é mãe da menina, e também de um garoto, e vai lutar para preservar sua família das sandices de outrem. A cena da garotinha atada na cama, servindo de cobaia, e tendo um chimpanzé com o cérebro exposto ao seu lado a meu ver é clara alusão ao filme E.T., de Steven Spielberg, quando o alienígena encontra-se em uma maca, sendo examinado por uma equipe de cientistas. Todavia o chimpanzé não tem um desfecho no filme, nem a população insana com a privação de sono, nem os religiosos, nem os cientistas. A garotinha descobre a solução do problema, e filhos salvam a mãe. Pronto, uma família está salva, pode dormir, e para o diretor isso basta. Uma pena, a ideia é interessante, mas menos é mais, e tentar abordar vários temas importantes acaba por não abordar nenhum.