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    Na Mira do Perigo
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Na Mira do Perigo

    Drama de ação eficaz, mas sem originalidade

    por Bruno Botelho

    Liam Neeson é um rosto muito conhecido e querido em Hollywood, seja como parte de grandes franquias do cinema como Star Wars ou As Crônicas de Nárnia, ou em filmes aclamados como A Lista de Schindler (1993) – produção que lhe rendeu uma indicação ao Oscar como Melhor Ator. Com uma carreira versátil, o astro embarcou em diversos filmes de ação nos anos 2000 e virou um dos grandes nomes do gênero, protagonizando longas como Busca Implacável (2008), A Perseguição (2012), Sem Escalas (2014) e Noite Sem Fim (2015). Na Mira do Perigo, de 2021, é mais uma aventura de Liam Neeson pelo cinema de ação, que foca no drama e pega muito emprestado do ator e diretor Clint Eastwood, mas sem brilho qualquer em sua execução. 

    O filme conta a história de Jim (Liam Neeson), um ex-fuzileiro naval que decide se tornar fazendeiro na fronteira entre Arizona e México e tenta levar uma vida calma. Mas para sua surpresa, ele acaba se tornando o improvável defensor de Miguel (Jacob Perez), um jovem que teve sua mãe assassinada pelo cartel mexicano. O menino tenta desesperadamente fugir dos assassinos que o perseguiram até os Estados Unidos. Jim, então, decide ajudá-lo a chegar em segurança em seu destino e para isso precisa encarar o cartel de frente.

    Na Mira do Perigo é um drama de ação denso, mas peca na originalidade

    O diretor Robert Lorenz é um colaborador recorrente na carreira de Clint Eastwood, como diretor de segunda unidade, assistente de direção ou produtor em filmes como Sobre Meninos e Lobos (2003) e Sniper Americano (2014). Pensando nisso, é nítida a inspiração na obra de Eastwood para a criação do roteiro de Na Mira do Perigo – seu segundo filme na direção depois de Curvas da Vida (2012) – ao lado de Chris Charles e Danny Kravitz. Infelizmente, o que sobra de inspiração, falta em originalidade.

    Na Mira do Perigo é uma produção que tem como tema central a questão imigratória e se passa no Arizona, na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Infelizmente, o roteiro utiliza essa questão importante e atual mais como um artifício de roteiro para situar sua trama, mas não para traçar comentários sociopolíticos que fujam do lugar comum. Quando eles aparecem, se apresentam como o clássico patriotismo norte-americano. Toda a história gira entorno da relação improvável entre Jim e Miguel, com o ex-fuzileiro naval tentando salvar o menino do cartel mexicano.

    A partir disso, é preciso ressaltar a qualidade de Liam Neeson como ator: ele entrega uma performance densa e convincente de um homem que está disposto a deixar de lado suas convicções, e até mesmo tranquilidade, para salvar um menor indefeso – a grande questão é que isso esbarra no clichê problemático de norte-americano salvador. Seu personagem apresenta uma semelhança notável com Walt Kowalski (Clint Eastwood) de Gran Torino (2008), ambos são velhos rabugentos e conservadores, mas aos poucos se ambrem para uma relação inesperada que é proposta. A dinâmica entre Jim e Miguel é o grande destaque, mesmo que a atuação tranquila de Jacob Perez não combine com a gravidade da situação violenta sofrida pelo menino. 

    A narrativa funciona como uma espécie de faroeste ambientado nos dias atuais, onde temos Jim contra cartel mexicano. Eles são os grandes antagonistas do filme e a ameaça se torna convincente com acontecimentos relacionados ao Miguel logo no começo da produção, mas o grupo não funciona sozinho e se torna apenas mais um clichê de filmes de ação, especialmente de bandidos contra mocinhos.

    Ação de Na Mira do Perigo convence o público, mas nunca empolga

    A primeira metade de Na Mira do Perigo é um drama denso que explora a relação crescente entre Jim e Miguel, além de posicionar a gravidade das ameaças, já a segunda metade do filme vai para o caminho da ação e coloca os protagonistas em uma espécie de road movie ao lutar pela sobrevivência contra o cartel mexicano, similar ao que acontece em Onde os Fracos Não Têm Vez (2007). Robert Lorenz sabe conduzir bem, e de forma fluida, as cenas de ação – ainda que nenhuma delas se destaque – e, ao lado do diretor de fotografia Mark Patten, consegue criar enquadramentos visualmente bonitos com a paisagem do sudoeste dos Estados Unidos de fundo.

    Felizmente, Liam Neeson não acaba sendo mostrado como um herói de ação convencional que sai batendo em todo mundo sem dificuldades, muito pelo contrário, Jim sofre nas mãos dos bandidos – especialmente por ser um homem aposentado – e precisa escolher bem suas estratégias o tempo todo. Ainda temos Katheryn Winnick no elenco como a enteada do protagonista, Sarah, mas ela não tem muito o que fazer como uma policial que trabalha na área e o roteiro deixa sua personagem completamente perdida e sem propósito no filme.

    Na Mira do Perigo é um drama de ação que se inspira fortemente na obra de Clint Eastwood, mas esquece de seguir seus próprios passos. O que sobra é um "faroeste" moderno interessante, mas com muitos clichês em sua trama, que não consegue se destacar entre tantos exemplares semelhantes no gênero. Ainda assim, o filme mostra como Liam Neeson é um ator talentoso, mesmo com pouco material, e apresenta cenas de ação eficientes.

     

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