Os cinéfilos e, principalmente, os fãs de ficção-científica não tem do que se queixar em 2013. No balanço geral, ao que tudo indica, o ano vai terminar com a adição de ao menos 5 novos clássicos ao gênero sci-fi. Além deste Oblivion, também figuram na lista Europa Report, Elysium, O Expresso do Amanhã e Gravidade. O único ainda não lançado comercialmente é Gravidade, que apresentado na abertura do recente Festival de Veneza obteve uma excepcional acolhida pelos críticos.
Oblivion não conseguiu nos cinemas bilheterias excepcionais, embora tenha tido um relativo sucesso junto ao público, e recebeu críticas apáticas, nada entusiasmadas. A razão de não ter emplacado nos cinemas talvez se explique pelo fato que o filme efetivamente não tenha muitas cenas de ação, ingrediente que parece indispensável para agradar ao gosto dos adolescentes, que são a maior fatia do mercado nos cinemas. A reação fria dos críticos, no entanto, não se justifica.
Oblivion é um espetáculo de primeira. E confesso que me surpreendeu, pois logo em seu lançamento eu não esperava nada de mais do filme, já estando calejado com produções made in Hollywood que dispõe de grandes orçamentos mas resultados apenas medianos. Oblivion tem uma fluidez narrativa perfeita até o seu final. Um feito e tanto, pois hoje em dia são tantos os filmes que começam bem, se desenvolvem bem , mas terminam metendo os pés pelas mãos. A parte técnica do filme é nota 10. Excelente fotografia de Carlos Miranda (As Aventuras de Pi), espetacular trabalho de direção de arte (tanto na criação de cenários como de equipamentos e veículos) e um uso extremamente sofisticado e elegante dos recursos digitais. Esta talvez seja a marca registrada de Oblivion: ele é extremamente belo e elegante. Em nenhum aspecto o filme deixa aquela impressão de produção feita às pressas. Muito pelo contrário, cada plano e cada sequência parecem fruto de um prévio e elaborado story-board. Sem sombra de dúvidas, o novato diretor Kosinski, que assinou a sequel Tron, O Legado , revela-se dono de inquestionável talento estético.
Além disso, em um filme cujo título faz referência ao esquecimento, o roteiro não deixou de lembrar, em tom de homenagem, diversos clássicos da ficção-científica, como 2001, O Planeta dos Macacos, Guerra nas Estrelas, Matrix, Mad Max - até mesmo a série de TV Doctor Who. Revelar o pouco que seja a respeito da história do filme seria estragar o prazer de sua descoberta. Por isso me limito a responder a uma pergunta repetida diversas vezes no filme: "Vocês são uma equipe eficiente ?" Em relação à equipe envolvida no filme, posso responder com certeza que sim.