“Oblivion”, filme dirigido e co-escrito por Joseph Kosinski, se passa numa realidade que é bastante típica dos filmes de ficção científica. Nela, a terra encontra-se dizimada após uma grande guerra ocorrida em decorrência de uma invasão alienígena que exterminou a Lua. Os poucos sobreviventes que restaram vivem numa colônia em Titã, uma das luas de Saturno. Guardando a Terra dos invasores (liderados pelo personagem interpretado por Morgan Freeman) que ainda tentam obter os recursos humanos estão Jack Harper (Tom Cruise) e Victoria Olsen (a talentosa Andrea Riseborough, conhecida por “W.E. – O Romance do Século”), dois soldados que estão subordinados à Sally (Melissa Leo), a comandante da Tet, nave espacial que fica sobrevoando a órbita do planeta Terra.
Um fator importante para nos ajudar a tentar compreender a difícil trama de “Oblivion” (que se baseia no comic book escrito pelo diretor Joseph Kosinski e por Arvid Nelson) é prestar atenção à tradução do título do filme em português. Oblivion significa esquecimento. Antes de participarem da missão como guardiões da Terra, a memória de Jack e Victoria foi completamente apagada. Enquanto ela não parece ser atormentada pelas lembranças do seu passado, Jack tem pesadelos constantes com uma vida e uma mulher que ele não consegue saber quem são e o que representam. Além disso, a personagem interpretada por Tom Cruise tem um verdadeiro fascínio pelo planeta Terra e pela cultura dos humanos. Quando Julia (Olga Kurylenko) é resgatada por Jack após sofrer um acidente com uma nave espacial que cai na área cuidada pelos dois soldados, esses questionamentos que Jack possui ficam ainda mais fortes e é justamente isso que determina o destino de “Oblivion”.
Já faz um bom tempo, mais precisamente desde o início da década passada, quando ele se separou da atriz Nicole Kidman e sofreu com algumas crises de opinião pública, que muitos decretaram a decadência na carreira de Tom Cruise. Entretanto, chega a ser curioso perceber que, neste mesmo período, Tom Cruise trabalhou com alguns dos diretores mais notáveis da indústria cinematográfica (como Steven Spielberg, Edward Zwick, Michael Mann, J.J. Abrams, Robert Redford, Bryan Singer e James Mangold), em filmes em que ele interpretou tipos que ele nunca havia feito, como o Vincent de “Colateral” e o Les Grossman de “Trovão Tropical”. O que quero dizer com isso é que Tom Cruise, apesar de toda a torcida contrária (por causa mesmo do desgaste em torno de sua imagem), é um profissional que está sempre buscando desafios, em filmes em que ele dificilmente repete tipos e trejeitos.
Em “Oblivion”, ele trabalha com um jovem diretor, que está no segundo longa-metragem de sua carreira (e, ao mesmo tempo, sua segunda obra seguida no gênero de ficção científica – a primeira delas foi “Tron – O Legado”). Aqui, Joseph Kosinski trabalha, pela primeira vez, com um roteiro que ele mesmo ajudou a adaptar. E se encontra nessa área o ponto mais fraco de “Oblivion”. A trama do filme é muito confusa e existem elementos que nunca ficam explicados de forma clara para o espectador. Kosinski compensa isso com aquilo que ele sabe fazer melhor: criar um visual impressionante para o seu filme, com uma trilha sonora marcante (e que contou com a colaboração do grupo de música eletrônica francês M83) e atuações bem consistentes do elenco, com destaque para Andrea Riseborough, o próprio Tom Cruise e Melissa Leo.