Tommaso (2019) de Abel Ferrara refere-se a si mesmo em um filme que coloca sua esposa (Cristina Chiriac), e filha (Anna Ferrara) como retrato de um protagonista dependente, possessivo e abissal. Como uma manobra terapêutica de tratar de temas como a masculinidade, as inseguranças e as ansiedades, Tommaso é o autorretrato amargurado do artista. Em busca de um equilíbrio budista, e a prática da yoga, Tommaso encena o medo e decadência de um homem frustrado.
Em Roma, na capital italiana, Tommaso um artista e realizador norte-americano (Willem Dafoe) com sua pequena filha (Anna Ferrara) e sua jovem esposa (Cristina Chiriac).
Tommaso também aparece como um roteirista e professor de teatro, isto é assim como as funções múltiplas do artista atravessa o seu cotidiano, há um projeto de expansão da sua figura.
assa por uma longa jornada da paternidade em busca de ser um pai diferente do que ele havia sido com a filha anterior. Após uma virada nos sentidos,
A debilitação psíquica que está em Ferarra projetada num protagonista obsessivo com as questões íntimas, e ao mesmo tempo angustiado com as ações caóticas da família. Entre as margens do caos familiar, o primeiro ato é pontuado por um close em Willem Dafoe ao presenciar a traição da esposa. Para fins de contextualização, a família de artistas apresenta uma soltura no discurso, e no que diz respeito, aos diálogos conjugais entre os dois. Tommaso psicologicamente debilitado de ferramentas que expõem a masculinidade tóxica, manifesta um estado de espera sobre a estabilidade. Ou antes, os mesmo vícios destrutivos de espelhamento de seus medos, em projeção subjetividade como questão do casal. Entretanto o marco consumado da traição, é um abismo entre o protagonista e a família ao longo da história.
As alucinações de delírios que abrem espaço para sequências cinematográficas com poeira estelares, e figuras religiosas que retomam à culpa cristã sobre Tommaso.
O cenário de Roma aparece em sequência ainda perturbadoras sobre as alucinações de Tommaso. Um das visões que estão já no final do segundo ato, o protagonista observa uma situação de acidente familiar realisticamente. Essa dimensão apocalítica real sobre os acontecimentos transbordam sobre a veracidade dessa visão do personagem. Ferrara, em busca dessa redenção traumática, tenta reestabelecer-se enquanto linguagem cinematográfica, e firma o pacto dialógico com o espectador.
Ao que tudo indica, a parceria com o ator Willem Dafoe, e os sintomas dos sonhos, aparecerão em outra estreia em 16 de setembro 2020 com o filme Sibéria, previsto pela coprodução Itália e Alemanha.