O que acontece quando uma roteirista pra lá de inspirada (talvez depois de algumas doses generosas de uísque ou quem sabe depois de algo mais psicodélico) decide fundir uma história divertida com noções artísticas de loop temporal? A roteirista estava de fato querendo despontar, revolucionar até, mas a história é mesmo tudo isso? Primeiro, a recepção da crítica é positiva, o que é um bom começo. No entanto, o filme se macula dando atenção excessiva ao casal protagonista e como a relação deles é construída com a finalidade de ressaltar a brevidade dos momentos e a importância do presente. É inteligente? Talvez um pouco, com diálogos extremamente fluidos, mas uma história que parece muito destinada a te entreter, e para isso, convenientemente, certos aspectos da trama são sacrificados (talvez o uísque era bem velho e do bom). Se a inteligência é questionável aqui, a ousadia não é, porque compor uma arte é se arriscar, e ela definitivamente não tem medo disso. Mas mereceria uma nota alta? O loop temporal é nitidamente um artifício para reforçar a história, podemos notar, e nada nela, inclusive o loop, é levado a sério (ponto positivo para a droga psicodélica). Tudo é feito para que haja dinamismo. Mas dinamismo demais, nos deixando tontos, inebriados e tornando o loop secundário (ficção científica? Nem a pau!) Mas somos conduzidos muito bem pela história e a proximidade entre os dois é cativante. Razoável. Decente. Consistente. Inteligente? Somente uma boa rodada de uísque poderá nos dizer.