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    Mr. Jimmy
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    3,0
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    Adam William
    Adam William

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    3,5
    Enviada em 24 de outubro de 2019
    Acredito que para os fãs de Led Zeppelin, o documentário Mr. Jimmy seja um deleite. Afinal, o longa de Peter Michael Dowd trata de um dos mais apaixonados fãs da banda: Akio Sakurai, que após testemunhar o filme-concerto The Song Remains the Same ainda jovem, tornou-se obcecado pelo guitarrista Jimmy Page, algo que rege seu destino desde então. Entretanto, a obra de Dowd não se resume a contar sobre Akio e sua obsessão, pois é também um filme sobre escolhas, sobre direcionar o foco em função daquilo que realmente é almejado. E também sobre os sonhos e as façanhas e sacrifícios que são requeridos para alcançá-los.

    Logo na sequência de abertura, no qual o espectador presencia um recorte do guitarrista tocando, ainda é impossível discernir se já estamos vendo Akio ou se é uma imagem de arquivo de Jimmy Page em algum show do Led. Algo que, conforme o documentário avança, percebemos que é algo proposital para incitar no espectador a comparação entre ambos, já que Akio não esconde sua vontade de tornar-se o mais próximo de uma cópia exata de Page, captando sua essência e fazendo dela parte de sua própria personalidade. E não apenas em suas roupas – meticulosamente reproduzidas – ou tocando os mesmos instrumentos usados por Page – reconstituídos até mesmo internamente, com componentes exatos –, mas também replicando à perfeição as músicas da banda e, não bastando, suas versões distintas como em versões de estúdio ou ao vivo, incluindo aí as possíveis “imperfeições” que podem tornar uma versão única.
    Há uma mística construída em torno da força de vontade de Akio que no decorrer do filme, passa a levantar algumas questões. Como será quando ele personificar cada aspecto possível? Quando não houver mais roupas, músicas e instrumentos a modificar para se igualar à Jimmy Page? Em dado momento, Dowd foca na trajetória do protagonista nos EUA ao se juntar à banda-tributo Led Zepagain, onde em um primeiro momento vemos a admiração dos demais membros por sua determinação. Mas o que ocorrerá quando, eventualmente, ele notar que é impossível fazer dos outros membros mais uma “peça” replicada? São conflitos que vem à tona em dado momento, mas não são aprofundados pelo diretor, que aparentemente prefere seguir na construção do personagem que é admirado – com razão – pela busca incessante da perfeição.

    Ao passo que Akio começa como a figura que admira, ele passa também a ser aquele que é admirado. Dowd não poupa depoimentos de pessoas que, após terem contato com o apaixonado fã, ficam perplexos por sua dedicação. E conforme a fixação do guitarrista por Page passa a refletir na fixação do diretor por seu objeto de estudo, o filme permanece em uma única nota até sua conclusão. Os poucos contrapontos oferecidos ao protagonista são contornados com velocidade, como sua empreitada ao lado do Led Zepagain que durou mais de 200 shows em meio à admiração mútua e divergências criativas entre os membros. Outros momentos, como quando o verdadeiro Jimmy Page o vê tocando, perdem o brilho, já que o guitarrista do Led Zeppelin torna-se apenas mais um a se impressionar.

    Nada disso diminui o trabalho de Akio Sakurai, é claro. E é no fascínio por sua trajetória e empenho que Mr. Jimmy se sustenta, pois não tem não abrir um sorriso ao vê-lo tocando. O mais interessante nisso é que sua paixão começou justamente com o filme-concerto The Song Remains the Same, algo que em tradução livre seria “a canção continua a mesma”. E é exatamente isso que Akio almeja: conservar em suas apresentações a mesma essência das músicas e shows do Led Zeppelin, sem intenção de inovar o rock ou mudar o trabalho da banda, sequer a resumir-se a homenageá-la sendo uma “banda jukebox” como ele mesmo diz em certo ponto. Seu interesse é unicamente replicá-los com perfeição, para dar a outras pessoas a mesma sensação que ele teve ao assistir a banda pela primeira vez. Ainda que vaidoso, é um propósito de vida cativante.
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