Spike Lee é um dos melhores diretores em atividade e ele demonstra sua capacidade técnica tanto em enquadramentos, quanto em condução de atores e roteiro. Sua maestria em criar uma obra coesa, com assuntos sensíveis e sempre tocando na temática de segregação racial é incrível. Nesse longa ele consegue tocar em assuntos até então já trabalhados em filmes de guerra, como o estresse pós-traumático, sobre a inutilidade das Guerras e principalmente na hipocrisia da Guerra do Vietnam. Contudo o diretor aborda algo que até então não foi trabalhado nesses tipos de filmes, como a segregação racial no meio militar e em como os negros eram tratados como objetos descartáveis em uma guerra por direitos que sequer possuíam em casa.
A maioria dos núcleos foram bem trabalhados, como no caso dos veteranos negros retornando ao local onde travaram batalhas e perderam pessoas importantes, sobre sua irmandade e principalmente sobre como sua pele os uniam ainda mais que uma guerra geralmente uniria, afinal mesmo sem estar no Vietnam eles já travavam batalhas para sobreviver no local que deveria ser sua casa.
Mesmo com todas as partes positivas do longa, como o roteiro coeso em seu núcleo central, sua narrativa que trouxe a todo momento fatos sobre negros importantes ao longo da história americana, sobre perdas e estresse de sobreviver a uma guerra pode causar. O diretor e roteiristas pecam e feio no modo como retratam os Vietnamitas, utilizando caricaturas dessas pessoas que literalmente tiveram seu território invadido pelos imperialistas americanos, onde foram mortos e dizimados por uma guerra trazida por estrangeiros. Essa falta de tato com ambos os lados de uma guerra, com um povo que sofre com o imperialismo branco há séculos e que perdura até os dias de hoje como é o caso dos asiáticos, especificamente nesse caso os vietnamitas.
No tocante a história da população negra dos EUA, com seus líderes, seus atletas e seus flagelos Spike Lee atua quase com didatismo, de um modo que consegue prender sua atenção do inicio ao fim e consegue fazer conexões de uma luta, como bem mesmo mostrado durante o longa, perdura por séculos.