Sean Penn e Tye Sheridan brilham em "Asphalt City", exibido em Cannes
A escolha da dupla protagonista foi acertada. A química entre o paramédico sênior (Penn) e o novato (Sheridan) é perceptível. Sean Penn envelheceu como o vinho. Assim como outros veteranos (Redford, Michal Douglas)
O enredo de Asphalt City nos lembra "Vivendo no Limite" do Martin Scorcese. Nesse filme, Nicolas Cage interpreta um paramédico na Nova York dos anos 90, atormentado pelos pacientes que não consegue salvar.
Em Asphalt City, a história é semelhante. O filme é baseado no livro "Black Flies". O livro retrata a história de um jovem que se torna paramédico em Manhattan no início dos anos 90, período no qual drogas, HIV e a violência dominavam NY (o livro Black Flies e o filme de Cage se assemelham na questão do período histórico).
A adaptação Asphalt City, entretanto,opta por retratar a história do paramedico Cross nos dias atuais. Escolha muito acertada, quando se observa o resultado final.
Muitos dos que assistiram ao filme falam que a história é repetitiva. É uma crítica extremamente desmedida. O trajeto diário de Cross na cidade de NY é psicologicamente desgastante. A crítica do filme é clara, NY solucionou muitos problemas, porém as tensões sociais ainda estão lá, e fortes.
O desgaste psicológico dos paramédicos e as consequências às suas famílias é outra questão. A ex-mulher do personagem de Penn alerta Cross: "sou a última mulher dele. Você também escolheu salvar o mundo. Mas tem umas consequências, você vai descobrir". Essa informação não fornecida chega a ser angustiante.
A história segue reta, atendendo pacientes e lidando com problemas. o roteiro da "puxões" muito rapidos que alteram o curso da história. O soco de Penn em um policial, a escolha de Sofia com o bebê HIV positivo.
Cenas perturbadoras também não foram economizadas
Não estão em excesso, mas muito bem empregadas. O cachorro no armário, o cadaver na banheira e várias outras.
Valeu a pena estar em Cannes.