OSCAR 2023 e o DONUT GIGANTE
Na noite deste domingo, em Los Angeles, confirmando-se os prognósticos, deve ser coroado como Melhor Filme no nonagésimo quinto Oscar, a porcaria pretensiosa Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo.
Sendo confirmadas as previsões, será premiado, indubitavelmente, o pior filme a ganhar a estatueta de melhor filme nos 95 anos de vida do Oscar da Academia de Hollywood. E veja que a Academia já premiou muitos filmes ruins.
Quando terminei de ver o filme, na última quarta, fiquei me perguntando por que razão se tornou tão queridinho do mainstream a ponto ser aclamado por crítica e público, de ganhar diversos prêmios, e acabar recebendo nada mais, nada menos do que 11 indicações ao Oscar, incluindo Filme e Diretor.
Ou melhor, Diretores, Daniel Kwan e Daniel Scheinert, profissionais dignos dos piores quadros do falecido e nada saudoso humorístico Zorra Total.
Tudo é muito ruim no filme. O roteiro confuso, caótico, o desenrolar interminável, as personagens irritantes, as gags estúpidas….
Mas o pior de tudo é a pretensão pseudofilosófica, que envolve supostos desdobramentos de consciência, realidades paralelas, projeções, papos-cabeça entre duas pedras, e tudo isso entremeado com lutas marciais, tiros, explosões, e tiradas cômicas canhestras.
Ah , e como tudo no filme é muito simbólico, há um misterioso bolinho donut, uma rosca perversa que paira de tempos em tempos na história.
Claro, num filme feito com pretensões geniais, não pode faltar Freud. Quem acha que é gênio e manja dos paranaues não pode deixar Freud de fora. O simbolismo freudiano da rosca. Que “brisa” é essa?
Os diretores quiseram inovar, fazer algo original, diferente, desindexado, uma coisa mais conceitual do que propriamente cinematográfica, uma “brisa” que tenta misturar Matrix, Kill Bill, Christopher Nolan, Mangás etc, mas que no fundo está mais para uma “soap opera” que tomou chá de cogumelo.
Cardápio do chá da tarde : chá de cogumelo e um donut preto gigante.
As gritarias, explosões, reviravoltas, lutas, enfim, toda a barulheira enfadonha serve para disfarçar os supostos”buracos” (de minhoca?) que os diretores abrem sem saber nem por onde nem por quê, e já que estamos falando em buraco, volta à minha memória a famigerada rosca donut que acha que é a esfinge de Tebas.
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é um monumento à mediocridade, e nesse ponto, vejo sentido em estar fazendo tanto sucesso neste momento atual, neste mundo em que um donut gigante é alçado à categoria de esfinge.
O filme é comparável a essas supostas obras de arte que têm causado burburinhos em muitos meios nas últimas décadas, como as latinhas de excremento do italiano Piero Manzoni, ou uma obra de um pretenso artista do qual, graças a Deus, não me lembro do nome, mas que utilizava como matéria prima nas suas obras suas próprias melecas nasais.
Não posso deixar de fazer uma homenagem ao desfecho do filme . Depois de mais de 2 alucinantes horas, não poderia faltar no final um toque de lacração sentimental, muito necessária para agradar o público médio americano, a cartilha politicamente correta, e possibilitar, assim, indicações ao cobiçado Oscar.
O final do filme é um composé do documentário O Segredo com o antigo seriado oitentista do SBT, O Homem Que Veio do Céu. Sentimentalismo e autoajuda. Receita do sucesso. Mais kitsch impossível.
A propósito, dos que vi e que concorrem a Melhor Filme, o meu favorito é OS FABELMANS, de Steven Spielberg, um belo filme e com uma atuação excepcional de uma das minhas atrizes favoritas, Michelle Williams. Também gostei muito de OS BANSHEES DE INNSHERIN.
Imagino o desgosto de Spielberg ao ver amanhã seu filme sendo derrotado por esse Tudo no Mesmo Lugar ao Mesmo Tempo.
Pelo menos há um consolo a nos aliviar. Ainda bem que ainda temos Spielberg.