É um obra impactante sobre a guerra do Vietnã (ou, na guerra). É e será uma das obras mais lembradas do Cinema de seu tempo, mas, acredito que, mesmo sem perder o brilho, a recepção positiva de futuros espectadores pode ser acompanhada de mais críticas do que foram à época de seu lançamento. Positivamente, a começar pelos efeitos sonoros, envolvendo o espectador numa imersão realista e estressante, somos recepcionados, nas primeiras cenas, pelo som violento de uma hélice e explosão ao fundo. O som do filme é o seu ponto alto. Quanto as interpretações, Martin Sheen, em total entrega, nos oferece um personagem profundo, com passado e futuro definidos (por mais que o futuro dele seja totalmente incerto, este fato o torna definido: à deriva, sem nada a perder). O objetivo é claro desde o começo, fato que, conforme a preferência do público, estabelece vínculo e foco no filme do começo ao fim, isto é, sei que a missão é acabar com Kurtz, sei que isso vai acontecer, mas, nessa atmosfera megalomaníaca, quero ver até o fim. Os bastidores são uma espécie de egrégora perturbadora: regada de eventos bizarros, dezenas de corpos encontrados, polícia, dívidas, infarto do protagonista (Martin), elegante pirracenta e orgulhosa teimosia de Brando e animais mortos, acarretaram na produção de cenas um tanto, sem noção. A partir dessa indução, acredito que os eventos dos bastidores plantaram em Coppola a semente da loucura, eis os pontos negativos. O filme é brilhante, mas carregado de cenas aparentemente fora de contextos e refletem as profundezes do delírio, exemplo, a Coelhas da Playboy e os soldados nos helicopteros, o encontro dos navegantes com uma pequena jangada, assustados e desferindo tiros em inocentes (esse cena poderia ser melhor montada, afinal, a intenção foi se sentir enganado), a morte de um búfalo (forçado). No contexto, nota 4,5/5.