Samaritano (Samaritan)
"Samaritano" é o novo filme da Amazon Prime Video dirigido por Julius Avery (que estreou como diretor em 2014 no filme "Sangue Jovem", que contou com a presença de Ewan McGregor e a Alicia Vikander) e escrito por Bragi F. Schut (roteirista de "Caça às Bruxas", de 2011, com o Nicolas Cage). O longa foi descrito como uma nova visão sombria dos filmes de Super-heróis, cuja a história foi previamente adaptada para as histórias em quadrinhos da Mythos Comics por Schut, Marc Olivent e Renzo Podesta. É uma co-produção da Metro-Goldwyn-Mayer e da Balboa Productions (a produtora de cinema e televisão americana liderada pelo próprio Sylvester Stallone).
Na história, temos a lenda viva Sylvester Stallone como Joe Smith, um super-herói aposentado que vive em Granite City e trabalha como lixeiro, recolhendo alguns objetos especiais e valiosos para restaurá-los como um hobby. No entanto, tudo muda quando Smith tem sua vida monótona interrompida ao salvar Sam (Javon Walton) de alguns valentões, até que o jovem percebe que ele é, na verdade, o Samaritano, um super-herói que todos achavam ter morrido em Granite City há 20 anos atrás.
Nos últimos anos o cinema foi dominado pelas produções de Super-heróis (tanto pela DC quanto pela a Marvel), onde até o M. Night Shyamalan resolveu compor o seu universo de heróis e vilões com produções como "Fragmentado" e "Vidro" (e fazendo ligações com Corpo Fechado). Pegando exatamente essa onda, temos aqui uma nova versão de um filme de Super-herói.
"Samaritano" é um filme de herói diferente, com um Super-herói diferente, um herói velho, um Super-humano aposentado (eu vi um estilo meio Hancock). O longa veio com uma proposta de entregar uma história que possui algumas camadas, com as quais o espectador poderá se identificar. É uma espécie de conto de moralidade, onde o próprio herói nos passa essa visão e esses argumentos em cena, sendo uma espécie de mestre e seu aprendiz, o mentor e seu pupilo, ou até mesmo o grande fã descobrindo e conhecendo o seu grande herói. Por outro lado temos um filme de herói, mas poderia ser facilmente interpretado como uma história de um ex-lutador ou um ex-soldado do Vietnã, ou seja, é um filme como tantos outros já feitos inclusive pelo próprio Stallone, que foi eternizado e imortalizado justamente pelos seus personagens John Rambo e Rocky Balboa.
Eu sou um superfã do Sylvester Stallone desde os seus tempos áureos, praticamente cresci assistindo na TV lendas como Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jean-Claude Van Damme, Chuck Norris, entre outros. O tio Stallone foi o verdadeiro herói da minha infância com o lendário Rock e o icônico Rambo. Portanto, poder assistir hoje em dia uma produção que conta com o tio Stallone no alto dos seus 76 anos e ainda interpretando um Super-herói, definitivamente não tem preço.
E foi exatamente este o principal (e único) motivo que eu decidi assistir "Samaritano". Porque de fato o filme é ruim, todo bagunçado, todo perdido tentando se achar a qualquer custo. O roteiro é raso, é falho, é preguiçoso, é batido, falta desenvolvimento, principalmente um desenvolvimento de personagens, que ficou muito aquém do que poderia ser entregue. O filme é repleto dos maiores clichês que já conhecemos - como o fato de nos trazer o velho aposentado, cansado, que por conta de uma história que ficou mal resolvida no passado tem que voltar para resolver tudo. Aquele velho clichê do herói/mentor que conhece o seu pupilo ao defendê-lo de uma gangue em um beco da cidade. Acredito que uma das principais falhas do longa é justamente não ter brilho próprio, não ter um algo a mais, em um mercado já supersaturado pela mídia de Super-heróis. O filme não se destaca pelo seu conto de moralidade, não se destaca por suas cenas de ação e não tem nada de novo a dizer sobre o velho conflito do bem contra o mal no centro de qualquer história de Super-herói - é apenas o mais do mesmo.
Por outro lado, eu estava justamente procurando uma produção para me entreter, para passar o meu tempo, aquela típica sessão da tarde despretensiosa, descompromissada, onde o meu único intuito era exatamente a diversão. E nesse quesito "Samaritano" funciona direitinho, pois o centro das minhas atenções estavam justamente em poder acompanhar um novo filme do tio Stallone e, definitivamente, vê-lo em cena trocando socos e pontapés com toda a sua idade, me fez esquecer (ou pouco se importar) com toda falha do filme.
Mesmo com todas as falhas, eu gostei da introdução do filme, ao começar com a história sendo narrada e nos apresentada em forma de HQ, o que já nos introduz diretamente em um universo de Super-heróis - uma grande sacada. Gostei da ambientação do filme, e principalmente pela Granite City me remeter diretamente para Gotham City, expondo aquele estilo mais dark, mais chuvoso, mais gótico - outro acerto.
O elenco é muito fraco, bem genérico, salva-se o Stallone (é óbvio). Tio Stallone faz o que sabe de melhor, e em questões de ação ele sempre reinou e sempre reinará - o último grande ator em filmes de ação. Obviamente, ao assistir "Samaritano" você não vai esperar uma obra-prima ou um clássico do tio Stallone no estilo do que ele já entregou lá atrás. Vale mencionar o jovem ator Javon Walton (da série Euphoria). Um jovem com apenas 16 anos que com certeza deve ter tido uma imensa honra ao contracenar com um dos monstros da história do cinema - verdadeiramente um grande aprendizado.
Portanto, "Samaritano" funciona apenas como fonte de saudosismo, por conter uma grande dose de nostalgia ao rever um ícone, uma lenda viva do cinema de volta ao posto que o consagrou. [17/09/2022]