Dois estranhos se conhecem e se apaixonam, porém, o amor é proibido e eles devem lutar e passar por todos os obstáculos para conseguir ficar um com o outro. Essa trama tipicamente Shakesperiana é um pequeno resumo do que vemos em “ Moulin Rouge “ mas apesar de clichê, é como o roteiro nos leva pela estória que torna o filme de Baz Luhrmann brilhante.
Christian(Ewan McGregor) é um jovem escritor que se muda para Montmartre, em Páris, no ano de 1899, durante a “ revolução boêmia “, onde estes prezam por liberdade, amor e verdade. Acidentalmente, acaba tornando-se escritor da peça “ Spectacular, Spectacular “, e durante uma noite de visita ao cabaret “ Moulin Rouge “, apaixona-se pela dançarina Satine, interpretada por Nicole Kidman. Os dois passam a se ver, mas a mulher é sonho do Duque de Monroth(Richard Roxburgh), também financiador da peça, e para não perder o investidor, o proprietário do cabaret, Harold Zidler ( Jim Broadbent ) também tenta privar os jovens de seu amor.
Isso é tudo que você precisa saber sobre a trama do filme, no entanto, seria um erro se deixar enganar pela sua simplicidade, ele não é complexo, mas pequenos detalhes intrinsecamente ligados a trama nos fazem embarcar na estória de amor de Christian e Santine.
Em 1º lugar, se tratando de um musical, estão as músicas, obviamente, e essas não deixam a desejar. Não bastassem as lindas vozes dos protagonistas, tem-se ainda clássicos conhecidos pelo público em reedições brilhantes. Ouvidos mais atentos irão reconhecer, durante o desenrolar do filme, Nirvana, Queen, Madonna, David Bowie, Beck, entre outros. E não são apenas músicas conhecidas botadas ali para o espectador identificar-se, elas servem como um diálogo, porém cantado, e expressam tudo que é exibido em tela e sentido pelos personagens.
Outro aspecto importante são as atuações, no auge de sua beleza e carreira, Nicole Kidman constrói uma Santine persuasiva e extremamente sedutora, mas também frágil e amável em momentos específicos, fazendo valer sua indicação aos mais variados prêmios da época. Seu par, Ewan McGregor é muito competente em mostrar a ingenuidade de um jovem escritor que acredita no amor, e sua decepção ao ir se deparando com a realidade cruel do mundo. E então surgem os coadjuvantes, onde cabem destaque 3 grandes atuações. Jim Broadmente cria um ganancioso e paternal Zidler, além de surpreender com seu vozeirão. Richard Roxburgh também vai bem como o cruel e arrogante duque. E a grande surpresa vai para John Lequizamo, interpretando um ator da peça, advento das comédias, John mostra que também possui talento para o drama, se tornando um dos mais interessantes personagens da trama.
Se tudo acima não serviu para persuadir você a assistir o filme, agora vem o grande trunfo dele. O design de produção de Catherine Martin(esposa e parceira artística de Baz) e o figurino desta e Angus Strathie são a essência do longa. Surgindo deslumbrante e extravagante, mas sem cair na caricatura, o filme é colorido e tipicamente vermelho, expressando a paixão do casal, e também o clima de alegria dos personagens, mas escuro e sombrio em cenas específicas que destoam da maioria do ambiente do longa.
O figurino também serve como característica importantíssima na criação dos personagens, os coloridos vestidos de Santine mostram a natureza provocante e sensual da personagem. E o terno mostra o jeito mais recatado, apaixonado e ingênuo de Ewan.
É muito importante, assim como em qualquer musical, que quem ir assistir ao filme vá de cabeça aberta, ( Eu mesmo não sou fã do gênero, não suporto Chicago, Miseráveis, Noviça Rebelde e outros clássicos, porém amei este) para se deixar levar por esta incrível estória de amor contado por Baz Luhrmann e sua brilhante equipe técnica.