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    Cravos
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Cravos

    Através das lentes da vida

    por Barbara Demerov

    Três gerações diferentes com uma coisa em comum: o amor pela arte. A família Cravos possui muita história no cenário artístico no Brasil, ao mesmo tempo em que também é, como todas as outras no mundo, uma família comum, que coleciona desavenças e momentos bons. Pai, filho e neto formam a linha temporal de Cravos, documentário dirigido por Marco Del Fiol que monta e intercala duas narrativas: a da vida e a do ofício compartilhado.

    Assim, trabalhando na dualidade entre Mario Cravo Neto, Mario Cravo Junior e Christian Cravo, a obra consegue criar uma interação interessante tomando como rumo algumas viagens de Christian pelo mundo e com um vasto material de arquivo de seu pai. A relação complicada de ambos também possui grande foco, pois ela foi a razão pela qual Christian ingressou na carreira artística.

    Entre memórias de sua vida e depoimentos que dá ao cineasta Del Fiol durante suas expedições, é curioso ver como Christian se destoa da arte que o pai e o avô deixaram no mundo. Se por um período ele fotografou pessoas para seus trabalhos, hoje ele só se conecta com animais através de sua câmera. Para Christian, "humanos são muito complicados" e, na natureza, fazer o que gosta se torna algo mais simples.

    Cravos vai cruzando os anos de amadurecimento profissional de Christian entre exposições e registros pessoais de seu pai e avô, figuras que tanto marcaram sua vida de formas completamente distintas. Se por um lado seu pai o ajudou a escolher a fotografia, seu avô foi a pessoa com quem Christian viveu por mais tempo. Posteriormente, o documentário dá um panorama muito detalhado destes laços familiares e do quanto eles moldaram os Cravos - incluindo outros parentes além do trio.

    Em um desfecho que homenageia a união da família por diferentes faixas etárias (Christian trabalhando na obra de seu pai com seus meio-irmãos mais novos, por exemplo), Cravos mostra que a arte transcende qualquer dificuldade ou discórdia. Se ela é feita a partir da natureza ou do ser humano, não importa: a arte é uma só e, cedo ou tarde, ajuda na compreensão e na conexão com o outro.

    Filme visto na 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, em outubro de 2018.

     

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