Bando, um Filme de: Crítica AdoroCinema

O Bando Teatral de Olodum foi criado há 28 anos, em Salvador, e desde então vem colecionando inúmeros espetáculos que não só valorizam a cultura afro como também a evidenciam para o mundo. Tal trajetória deve-se ao talento e esforço de toda a equipe teatral - e que hoje pode ser compreendida no documentário Bando, Um Filme De, dirigido por Lázaro Ramos e Thiago Gomes.

Contendo dezenas de depoimentos de professores, alunos, atores e diretores que estão ou estiveram ligados ao Bando, o tema do filme centra-se nas dificuldades e no prazer do que é fazer arte no Brasil, mesclando pesquisa com improviso. A resistência do grupo para levar à diferentes lugares a cultura negra, assim como a união dominante entre os membros, é o que dá vida a cada testemunho sobre este ato político e social tão marcante num país que ainda não se desvencilhou do racismo.

Lázaro Ramos, que teve a chance de participar do Bando e evoluir como ator no tempo em que participou de espetáculos, também ganha voz em seu documentário. Assim como ele, Marcio Meirelles e Chica Carelli (diretores do grupo) e atores como Jorge Washington e Rejane Maia também entregam suas parcelas que concedem noção sobre a construção de algumas performances - como a de Ó, Paí, Ó, que foi adaptado para as telonas em 2007.

Bando, Um Filme De acrescenta ao cinema documental brasileiro contando uma parcela de um tema forte e que nunca perderá relevância. No entanto, a baixa qualidade de alguns registros se contrastam com outras boas imagens - o que tira um pouco da força do que é apresentado. Mas, mesmo possuindo os mesmos modelos de documentários que visam contar uma história até então não tão conhecida pelo público, o filme também possui um conteúdo autêntico o suficiente para se sobressair.

Filme visto na 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, em outubro de 2018.