The Banker: Crítica AdoroCinema

A forma como a narrativa de The Banker é conduzida é mais do que convencional. Seu estilo, majoritariamente linear, não se propõe a nos trazer uma técnica inovadora ou elementos surpreendentes, limitando-se a um importante julgamento que serve para ligar o início com o fim. No entanto, a história do filme dirigido por George Nolfi é poderosa e, sobretudo, baseada em fatos. Neste caso, isso é o suficiente para fazer com que o filme cresça aos olhos do público.

Além do mais, a dupla de protagonistas interpretada por Samuel L. Jackson e Anthony Mackie é capaz de segurar o enredo com facilidade. Apesar de o caso real de dois dos primeiros banqueiros negros dos Estados Unidos não ser tão conhecido muito afora, ele se mostra relevante para retratar o quanto o racismo invade sonhos profissionais e pessoais. The Banker se apoia no desejo de Bernard Garrett (Mackie) e nos apresenta o passo a passo do homem até ele chegar a pessoas como Joe Morris (Jackson) e Matt Steiner (Nicholas Hoult).

O filme traz como questionamento o fato de dois homens negros serem capazes de fechar negócios apenas com um homem branco de "escudo", mesmo não dando um peso dramático mais potente em diálogos importantes envolvendo o trio. A química entre Hoult, Jackson e Mackie funciona, mas aos poucos a força é centrada somente nas consequências vividas por Bernard. Isso não deixa de ser válido - especialmente porque o personagem é quem ganha mais destaque -, mas ainda assim seria interessante ver mais de Matt.

Afinal, o envolvimento de Matt só cresce a partir de quando ele se mostra capaz de negociar perfeitamente com outros banqueiros e investidores do ramo. O triste é notar o quanto Bernard e Joe se esforçam para partilhar seus conhecimentos; só para, no fim, não serem considerados grandes profissionais, mas sim criminosos. A cor de suas peles foi o único empecilho no caminho de carreiras notáveis, marcadas por comentários preconceituosos, olhares chocados e palavras hostis - que o filme faz questão de mostrar em diversos momentos.

The Banker transmite duas sensações muito contrastantes ao longo de seu desenvolvimento: a de satisfação em ver dois homens conquistando uma área até então inabitada por pessoas negras e a de ver uma injustiça de tamanho espantoso sendo executada dentro de um tribunal. Ao menos os créditos finais provam que as prisões de Bernard e Joe não foram em vão, servindo para mudanças futuras em determinadas leis.