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    Encontros
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Encontros

    Tão longe, tão perto

    por Francisco Russo

    Ao olhar para sua filmografia, é um tanto quanto surpreendente notar que Encontros tenha sido dirigido por Cédric Klapisch. Afinal de contas, o cineasta francês construiu sua reputação em torno do sucesso de Albergue Espanhol, ícone da pluralidade europeia a partir do encontro de jovens de variadas nacionalidades em uma Barcelona vibrante - seu sucesso foi tamanho que ganhou duas sequências, Bonecas Russas e O Enigma Chinês, nos quais acompanhava o amadurecimento de tais personagens. A surpresa vem pelo fato de que este é um filme sobre o não-relacionamento, ou seja, é quase o oposto do filme que deu fama a Klapisch. O que, por outro lado, desvenda mais uma faceta do diretor.

    Que não funciona tão bem assim, é preciso ressaltar. Klapisch aqui entrega um filme um tanto quanto melancólico, de fotografia em tons sóbrios, que ressalta justamente o vazio decorrente dos inevitáveis tombos que a vida volta e meia traz. O momento depressivo afeta tanto Rémy quanto Mélanie, interpretados com muita apatia por François Civil e Ana Girardot, por motivos diferentes: ele sente-se deslocado após ser promovido enquanto seus colegas de trabalho foram demitidos, ela ainda se recupera do término de um relacionamento longevo, ocorrido um ano atrás. Ambos estão sós e sem rumo na vida, e precisam de ajuda.

    O roteiro escrito pelo próprio diretor em parceria com Santiago Amigorena busca acompanhar não apenas a percepção de tal solidão, com a necessária compreensão do momento de vida para que se possa superá-la, como também os esforços feitos para deixar a inanição. Para tanto ambos contam com o apoio de ajuda profissional através de um psicólogo, mas sem o uso de remédios, com direito ao inevitável - e pitoresco - preconceito inerente à profissão. De forma a dar um tom realista à jornada, o roteiro não evita o tempo de espera existente na própria vida, o que por vezes torna o filme arrastado. Especialmente porque, ao contrário dos personagens, o espectador sabe com muita antecedência qual será o desfecho desta história.

    Logo em seus minutos iniciais, Encontros apresenta Rémy e Mélanie como solitários próximos, vizinhos de prédio mas sem (ainda) se conhecerem. A dinâmica entre os dois, com os vários quase encontros espalhados no longa-metragem, lembra demais a proposta do ótimo Medianeras, produção argentina lançada em 2011, ao ponto de levantar questionamentos de um suposto plágio. Também devido ao uso das redes sociais, por mais que neste filme elas não sejam determinantes para o encontro do casal.

    Interessante em sua proposta, Encontros é um filme que trata de um tema oportuno e recorrente, como a depressão, sem no entanto se aprofundar na questão. É como se Klapisch quisesse abordá-la com uma certa leveza, de forma a flertar com o clima de comédia romântica que ronda permanentemente o possível casal. Soma-se a isso as dificuldades de afeição do espectador em relação aos personagens e o resultado é um filme apenas morno, bem aquém do potencial que poderia atingir.

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