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Adriano Côrtes Santos
708 seguidores
335 críticas
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4,0
Enviada em 28 de novembro de 2024
O documentário A Última Abolição, dirigido por Alice Gomes, busca refletir sobre as consequências da escravidão e como elas ainda ressoam na sociedade brasileira. O filme é um esforço pedagógico, com foco na conscientização sobre o racismo estrutural, usando uma abordagem informativa e acessível, com depoimentos e imagens históricas para revelar o impacto contínuo da escravidão. É uma obra que propõe um debate urgente sobre a negritude e a luta pela emancipação do corpo negro, temas que permanecem extremamente atuais no Brasil.
A diretora, em seu primeiro trabalho como cineasta, acertou ao escolher um formato que atenda tanto a públicos mais amplos quanto mais acadêmicos. O uso de entrevistas e colagens imagéticas traz uma linguagem educativa, apesar de, em alguns momentos, o ritmo intenso das informações gerar uma sensação de caos. Isso, porém, pode ser interpretado como uma escolha formal, refletindo a complexidade do tema.
O filme também se destaca pela produção cuidadosa, com um trabalho intenso de pesquisa e a colaboração de figuras como Luciana Barreto, que conduziu as entrevistas, respeitando o "lugar de fala". O documentário se destina a ser uma "aula sobre o Brasil", cobrindo temas como o racismo, a desigualdade social e a resistência negra, com a intenção de desmistificar a ideia de que o Brasil vive em uma sociedade sem racismo.
Em resumo, A Última Abolição é uma obra relevante e necessária, que contribui para a educação e reflexão sobre um dos maiores problemas históricos do Brasil. Embora sua forma não seja perfeita para todos os espectadores, o filme cumpre sua missão de expor uma verdade desconfortável de forma clara e impactante.
O documentário aborda o tema de forma singular ao explorar fatos não contidos na história oficial. Esclarecedor, traz à luz um tema ainda atual, quando faz a ponte com o quotidiano vivido pela população negra das periferias e favelas do país. A desigualdade histórica renegada pela classe dominante foi o pano de fundo perfeito para construir a narrativa dessa agenda, ainda urgente. Não aponta caminhos, mas dá um norte para o enfrentamento do problema.
Achei o documentário muito pertinente ao atual momento político que estamos vivenciando de maneira tão tensa e polarizada. Muito bacana ouvir o depoimento de vários intelectuais afrodescendentes e conhecer um pouco sobre a participação de pessoas comuns, pouco ou quase nunca mencionadas nos relatos dos livros de História oficiais, que participaram da luta e dos anseios pelo fim da escravidão. Vale muito a pena assistir e se possível, levar como acompanhante, aquele seu amigo ou familiar que parece ter faltado à todas as aulas de História e utilizam como canal de informação apenas as redes sociais e aplicativos de mensagem.
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