Kate (Kristin Scott Thomas, de Quatro Casamentos e Um Funeral) é a esposa de um coronel do exército britânico cujo filho, também militar, morreu em uma missão. Após seu marido partir para o Afeganistão, ela e sua amiga Lisa (Sharon Horgan, da série Criminal: Reino Unido), também esposa de um oficial, decidem organizar um coral juntas com outras esposas de militares como forma de manterem-se ocupadas enquanto seus maridos estão em serviço.
A premissa de Unidas Pela Esperança parte de um fato verdadeiro: The Military Wives Choir (Coral das Esposas Militares, em inglês ou, em uma tradução mais livre, Coral das Esposas de Militares) é um coral feminino composto de esposas de militares britânicos surgido em 2010 em uma base onde os oficiais e as mulheres residiam com suas famílias.
Em 2011, apresentaram-se na magnífica sala de espetáculos Royal Albert Hall, que contou com a presença do Príncipe Charles e de sua esposa, Camila Parker Bowes, quando interpretaram a canção “Wherever You Are” (“Onde Quer Que Você Esteja”), que depois entrou nas paradas de sucesso do Reino Unido. A ideia espalhou-se entre as outras bases que logo trataram de constituir seus próprios corais. Atualmente, há 75 corais ativos com cerca de 2200 membros.
O diretor Peter Cattaneo tem uma carreira sólida no cinema e TV britânicos. Alcançou a fama mundial, em 1997, com a comédia dramática Ou Tudo Ou Nada (The Full Monty, no original em inglês), o qual contava história de um grupo de amigos desempregados que decidem fazer um show de striptease em um clube de mulheres para conseguir algum dinheiro. Sucesso absoluto, o filme foi indicado para quatro Oscars: Melhor Filme, Diretor, Roteiro Original e Trilha Sonora, tendo conquistado este último.
Em Unidas Pela Esperança, Cattaneo tenta repetir a fórmula de seu maior sucesso, mas não é bem-sucedido. Não que o filme seja ruim, ao contrário. É bem dirigido e tem boas cenas tanto de drama quanto de humor, mas, neste quesito, falta aquele senso anárquico que fez com que Ou Tudo Ou Nada alcançasse o sucesso. Além disso tinha um tema que fazia com que milhões de pessoas identificassem-se com as personagens do filme: o desemprego, uma chaga que atingia praticamente todo o mundo e continua presente nesta era das trevas que vivemos hoje.
Já em Unidas Pela Esperança, as pessoas, em particular as mulheres casadas, até podem identificarem-se com as personagens femininas do filme, mas, ainda assim, é um tema que diz mais respeito aos britânicos, pois, volta e meia, estão envolvidos em alguma guerra, geralmente puxados para ela pelos EUA, que sempre dão um jeito do Reino Unido participarem com eles em algumas de suas campanhas militares.
Mas, como dito antes, Unidas Pela Esperança não é um filme ruim, principalmente devido às boas interpretações da dupla Kristin Scott Thomas e Sharon Horgan, que, no papel de uma esposa certinha até demais e outra não muito afeita a detalhes, são a espinha dorsal deste trabalho. Sem elas, provavelmente, Unidas Pela Esperança passaria batido pelas salas de cinema.
A trilha sonora com canções de artistas como a cantora estadunidense Cindy Lauper, da dupla inglesa Tears For Fears e, claro, das Military Wives, dão o clima descontraído ao filme. E, como não podia deixar de ser, a apresentação no Royal Albert Hall é o ponto alto de Unidas Pela Esperança.
E, como não podia deixar de ser, o título do filme no Brasil deixa a desejar, visto que chama-se, originalmente, Military Wives. Em Portugal, deram o título de Mulheres de Armas. Chamem o pelotão de fuzilamento!
Unidas Pela Esperança não é a Grande Arte, mas vai agradar ao público em geral. É outro daqueles filmes que vai ajudar a aliviar o clima tenso que vivemos nestes dias de pandemia e de um governo fascista.