Identidade: Críticas

Filme começou muito bom, eu achei que abordaria essas questões de negras de pele clara em Nova York pré direitos civis, o quanto as personagens conseguem andar pelos dois meios, porém a medida que a amizade delas se intensifica o filme muda o foco, achei que se perdeu.

Identidade (Passing)

EUA, 2021

NETFLIX

As amigas de infância, Irene e Clare se reencontram num café na Nova York dos anos 20, após um hiato de 12 anos.
As duas são mulheres negras de pele clara e por isso tem passabilidade entre os brancos daquela parte totalmente branca da cidade, onde a maioria sequer viu pessoalmente uma pessoa negra.
Clare saiu do Harlen aos dezoito anos e foi morar com as tias mestiças e casou-se com um homem branco, racista ao extremo, soberbo e ignorante em relação a origem da esposa. Têm uma filha branca e são muito ricos.
Clare por ter "passabilidade", se acha agraciada em usufruir das vantagens e benesses daquela sociedade hipócrita. Ao entrar em contanto, novamente, com a antiga amiga, começa a questionar os tais "privilegios".
Irene, por sua vez, parece ter a vida perfeita: casada com um médico negro, dois filhos e militante do movimento negro do Harlen. Parece muito feliz. Só parece. Vive também em conflito: teme o tempo todo pela vida dos filhos, que volta e meia são expostos ao preconceito escancarado (na Nova York dos anos 20 não havia pudor em relação a questões raciais), tem inúmeras inseguranças quanto a própria aparência e sofre de depressão. E a contradição das contradições: tem uma empregada negra e não esconde a vaidade de tê-la como subalterna.
Identidade tem um ritmo cadenciado e uma narrativa inusitada, onde os acontecimentos, muitas vezes, nos são apresentados:
Através dos olhares e gestos sutis das protagonistas;
Mudanças climáticas, que nos informam em que período da trama estamos; Fotografia em preto e branco, que nos apontam os humores dos personagens - claro, cinzento ou escuro.
Há entre Clare e Irene, uma tensão, quase sexual, onde atração e repulsa se misturam. Amor e raiva, se confundem.
Clare, no fundo, prefere a vida de Irene.
Irene, secretamente, deseja alguns aspectos, da existência da amiga. Ambas são angustiadas, controversas e insatisfeitas.
Deslumbramento, segredos, incertezas e tensões permeiam o filme todo, que tem um desfecho enigmático e complexo, bem ao gosto de tudo que foi visto ao longo da trama.

Baseado no livro homônimo de autoria de Nella Larsen, "Identidade", filme dirigido e escrito por Rebecca Hall, está centrado nas figuras de Irene Redfield (Tessa Thompson) e Clare Kendry (Ruth Negga), duas amigas de infância/adolescência que, após anos sem se verem, se reencontram, por acaso, numa cafeteria de Nova York. O que o reencontro delas enfatiza, num primeiro momento, é que, apesar das duas possuírem muitos elementos em comum, a realidade é que existe um grande abismo entre elas.

Nos Estados Unidos dos anos 20, uma sociedade marcada (e ainda com marcas, aliás) pelo racismo, Clare passou a ser alguém que absorveu a cultura branca, principalmente após se casar com um banqueiro racista (Alexander Skarsgard). Irene, pelo contrário, é alguém cuja vida está próxima da comunidade que ela faz parte e dos valores que ela emana.

O reencontro entre essas mulheres mexem com o mundo delas e a forma como elas o enxergam. A luta de Irene é pela resistência, é para que seus filhos tenham uma vida feliz. Já Clare é confrontada com a farsa que é a sua vida e o quão efervescente é a realidade que ela deixou para trás.

Como podemos perceber, "Identidade" é um filme de muitas nuances. Chama a atenção, ainda mais se tratando do fato que Rebecca Hall é uma diretora estreante, a maneira sutil como elas nos são apresentadas. A fotografia em preto e branco foi um acerto da diretora e os contrastes presentes nela reforçam o quão próximas e o quão distantes Irene e Clare se encontram.

No fim, "Identidade" é um filme que reforça a necessidade de se manter fiel a quem você é e às suas origens. Assistindo ao longa, me lembrei muito, aliás, de uma música de Jorge Aragão, com um refrão forte e que ecoa muito no que assistimos aqui: "Se o preto de alma branca pra você, é o exemplo da dignidade. Não nos ajuda, só nos faz sofrer. Nem resgata nossa identidade".

Clássico , romantismo pelo preto e branco , cativante pela beleza , atual e cativante. Um filme que nos faz querer ler a obra original que deu origem ao filme que com sensibilidade traz uma narração poética sobre a vida de um casal e seu relacionamento com sua inesperada amida branca.

Um filme que tenta fazer um retrato do preconceito vivido na década de 20, mas parece ter sido feito no quarto de um adolescente. As passagens do tempo são horríveis, não dá pra entender muito bem, visto que os cortes são horrorosos. A trama é bem mal feita. Difícil falar que é bom. Não esquentou, muito pelo contrário. Sempre fica na mesmisse. É a empregada cortando legumes, a Irene trazendo compras... Muito chato. Não sei como consegui assistir até o final. Talvez na esperança de melhorar, o que não aconteceu. Até a morte da protagonista foi horrorosa.

Filme que deveria ter se arriscado muito mais em muitos momentos.Se apresentou tímido em boa parte do tempo,mas tudo propositalmente bem comandado por Rebecca Hall,temos que dar um certo desconto em sua primeira direção.Conseguiu manter o mistério que ronda as protagonistas e não entregou nada de bandeja logo de cara.Ruth Negga sempre excelente em suas apresentações.Tessa Thompson sobre um degrau em atuação,o que foi apresentado aqui não foi visto anteriormente em sua carreira.No mais,a Fotografia em preto e branco sempre melhora qualquer situação.