Acho que é certo dizer que a maioria dos brasileiros só ouviu falar do diplomata Sergio Vieira de Mello no dia 19 de agosto de 2003, quando o prédio da sede das Organizações da Nações Unidas (ONU), em Bagdá (Iraque), foi palco de um ataque terrorista que vitimou 22 pessoas, incluindo Sérgio, que, na ocasião, era o representante da ONU no país, liderando um trabalho que visava a redemocratização do Iraque.
Tendo como base o livro O Homem que Queria Salvar o Mundo, escrito por Samantha Power, o diretor Greg Barker mergulhou na figura de Sergio Vieira de Mello com o objetivo de compartilhar com as plateias do mundo todo quem foi ele e por quê o seu trabalho foi tão importante e inspirador.
Primeiro, no documentário Sergio, Um Brasileiro no Mundo (2009), e, depois, na obra ficcional Sergio (2020), uma produção original do canal de streaming Netflix. Em ambos os filmes podemos perceber a mesma estrutura narrativa, principalmente com o enfoque na figura proeminente de Sergio (que, na versão ficcional, é interpretado por Wagner Moura) como um alto funcionário das Nações Unidas, com vocação para a conciliação, a justiça e a pacificação, e o destaque maior ao trabalho que ele desenvolveu na redemocratização do Timor Leste, após a independência do país – foi o desempenho à frente da missão da ONU neste país que o levou até o Iraque.
Os dois filmes também abrem espaço para a vida pessoal de Sergio. Embora Sergio, Um Brasileiro no Mundo aborde os relacionamentos pessoais dele de uma forma mais secundária; Sergio traz esse pano de fundo para o primeiro plano e prefere romantizar a trajetória da sua personagem principal – e isso fica ainda mais nítido na forma como o relacionamento com a sua segunda esposa, Carolina Larriera (Ana de Armas), é relatado.
11 anos que separam o documentário da obra ficcional, mas uma coisa fica claro para a gente: que a história de Sergio Vieira de Mello precisava ser contada. Ele dedicou sua vida para um trabalho humanitário e que tinha uma importância enorme. Tanto Sergio, Um Brasileiro no Mundo, quanto Sergio são obras emocionantes, principalmente pelo senso que ambas nos passam: a de alguém que amava o que fazia, que era cheio de vida dentro de si e que viu sua existência ser abreviada, quando ele ainda tinha tantos planos e projetos, pelas mãos das pessoas que ele tentava ajudar.