Denúncia e contemplação
por Barbara DemerovMais do que promover a reflexão, o cinema também tem como missão propiciar a mobilização social ao abordar temas pertinentes, trazendo para o centro da roda uma discussão necessária e que merece muita atenção.
É neste contexto que se encaixa Ser Tão Velho Cerrado, documentário de André D'Elia que entrega uma aproximação acentuada do desmatamento no Brasil e nas inúmeras consequências da destruição da natureza, movidas e permitidas pelas leis do novo Código Florestal.
Corajoso e sobretudo com teor informativo, o documentário apresenta muito bem a ambientação do cerrado e daqueles que ali vivem. Contando ainda com as participações dos atores Juliano Cazarré e Valéria Pontes, que ajudam a enfatizar e elucidar as informações, fica muito clara a intenção do diretor de dar o máximo de informações ao espectador. Tal escolha proporciona uma imersão muito interessante àqueles ambientes e ainda por cima consegue evitar a estagnação por conta da montagem bem conduzida.
De forma crescente, Ser Tão Velho Cerrado concede cada vez mais fatos ligados ao governo, ao agronegócio, à população prejudicada e aos agricultores que se esforçam para ajudar o meio ambiente e, ao mesmo tempo, produzem alimentos com qualidade e aptidão. Ao fim do documentário, a vasta gama de notícias, esclarecimentos e depoimentos dão uma base incontestável. Mais do que um filme denúncia, este é um filme de resistência.