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    Meu Amor por Grace
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    Meu Amor por Grace

    Romance que não cativa

    por Barbara Demerov

    O ato inicial de Meu Amor por Grace já expõe todas as fraquezas que permeiam a trama até sua conclusão, pois lá residem clichês referentes a um amor impossível que não possui química e, especialmente, um cenário cuja escolha étnica não impulsiona o filme a ter um subtexto crítico, apenas a ser puramente diferenciado de modo superficial. Diante de tantas histórias românticas no cinema, é natural esperar um outro tipo de roupagem para que o espectador possa se aproximar dos personagens, mas aqui isso não acontece de forma genuína.

    A temática de um amor que sobrevive a tudo e a todos, por mais conhecida que seja, não é o maior problema no filme de David L. Cunningham, mas sim a forma com que se desenvolve. Mesmo diante de um protagonista simpático (Jo, interpretado por Ryan Potter) e de uma atmosfera diferente, sob o sol de uma exótica área do Havaí, o ritmo do filme sempre parece arrastado demais - e os diálogos supérfluos pouco auxiliam na dinâmica da narrativa. Com exceção do Doc (Matt Dillon), médico que salva Jo ainda na infância dentro da ilha, pouca substância pode ser aproveitada dos demais personagens pois todas as características que os compõem são baseadas em misturas já amplamente conhecidas.

    O estilo novelesco de Meu Amor por Grace tem uma atenção que ultrapassa o enredo em si. A partir do primeiro ato, que apresenta Jo, um bastardo que viveria às margens da sociedade se não fosse por Doc, e Grace (Olivia Ritchie), filha de um fazendeiro de café, o que temos de positivo em termos de cinema se limita à boa fotografia, que aproveita os belos ambientes locais, e ao esforço de Potter e Dillon que elevam o filme quando dividem a cena. Este relacionamento de pai e filho sustenta a trama, especialmente pelo fato do doutor ter ido à ilha para ajudar os imigrantes japoneses (descendência do protagonista).

    Mas, fora isso, o romance entre Jo e Grace é mal estruturado pela falta de conexão dos jovens um com o outro, e o pior: a uma briga étnica entre americanos e japoneses e seus descendentes, que logo é escancarada quando a família de Grace proíbe veementemente o contato entre os dois. Do preconceito dos fazendeiros de café até ao receio da avó da garota de deixá-la próxima do humilde Jo, vemos muita intensidade no olhar e nas frases automáticas repletas de ódio, mas nunca as verdadeiras motivações para tal fundamento. Ao inserir também um personagem que deseja se casar com Grace, o roteiro afia suas disputas, mas não as trabalha de maneira acertada, tornando-as extremamente caricaturais, sem identidade própria.

    Ao moralizar seus personagens dividindo-os no preto e no branco, arranhando apenas a superfície de serem bons ou malvados, Meu Amor por Grace peca por não construí-los a ponto de se tornarem mais profundos e humanos, fora de arquétipos sem vigor. Grace é um verdadeiro anjo que mal possui voz própria durante todo o filme, enquanto seu pretendente do mal, Reyes (Jim Caviezel), é um médico nada profissional e que não respeita o próximo. São estas dualidades que afligem o filme a ponto dele não sair do lugar-comum, ficando muito distante do intuito de se tornar um romance cativante.

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