Ano 2000, o então jovem e desconhecido realizador Darren Aronofsky surpreende todos com um drama visceral chocante que pôs o dedo nas mais variados mazelas sociais americanas e não tirou. Como já era de se esperar do diretor, este filme que o colocou no mapa(e que é, na minha opinião, o seu melhor até hoje) não é para todos os gostos, aliás, prepare-se bem antes de vê-lo, porque algumas partes podem ser incomodas demais para alguns. Réquiem para um Sonho é uma viagem perturbadora pela mente de quatro personagens com vidas absolutamente trágicas, já destinados à indignidade. É um filme que fala sobre o potencial destrutivo de diferentes tipos de vício, como todos eles são fundamentados em nossas inseguranças, e nossa incapacidade em reconhecê-los. Também é um filme que fala sobre como as estruturas sociais, o sistema, é em si viciado, feito para penalizar os que menos tem, os que menos podem, não resolvendo seus problemas, mas os tratando com truculência ou suavidade excessivas, assim, agravando-os. Poderia discorrer sobre todos os significados do filme por milhares de caracteres, mas seria uma injustiça esquecer de mencionar as atuações fantásticas de basicamente todo o elenco e a edição brilhante. Ellen Burstyn em uma atuação devastadora, uma das melhores que já vi, ela captura a essência de sua personagem de uma forma realmente tocante. Jared Leto também não fica muito atrás, encorporando o espírito problemático de Harry com muita verdade. Jennifer Connelly claro excelente como sempre. E até Marlon Wayans entrega uma interpretação intensa. Enfim, Réquiem é um drama psicológico de se tirar o chapel, poucos filmes dão seu recado de forma tão incisiva, inteligente, e original quanto este.