Filme brasileiro de maior repercussão internacional dos últimos anos, ganhador do prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza e cotado para o Oscar, Ainda Estou Aqui dramatiza a trajetória da família Paiva entre a prisão de Rubens Paiva, o pai, e a luta de Eunice Paiva depois do sumiço do marido. Walter Salles mergulha o espectador na intimidade dessa família e o torna cúmplice, fazendo com que se importe com o destino de cada um. Cria personagens tridimensionais, reais, críveis. Fernanda Torres interpreta o papel de sua vida, quase uma heroína grega marcada pela tragédia, com sutileza, sem jamais cair no excesso ou caricatura. Cenografia minuciosa, roteiro enxuto, interpretações naturais, trilha sonora escolhida a dedo, edição precisa, tudo contribui para que o diretor consiga transmitir exatamente o que se propôs. Como conhecia a história, havia lido o livro no qual o filme se baseia, além de reportagens a respeito, minha atenção focou nas soluções cinematográficas empregadas pelo diretor. Ele consegue tornar essa história particular em algo universal, capaz de dialogar com o público de qualquer lugar do mundo. Autor de Central do Brasil e Diários de Motocicleta, 2 filmes que amo, obras humanas e delicadas, Walter aparou todas as arestas e criou uma obra essencial, equilibrando aqui emoção e reflexão.