O duo Anavitória, sem dúvida alguma, pode ser considerado como uma das maiores revelações recentes da música popular brasileira. A história delas se inicia numa pequena cidade do Tocantins, chamada Araguaína, onde Ana Clara Caetano Costa e Vitória Fernandes Falcão se conheceram. Em 2013, as duas começaram a gravar vídeos em que interpretavam canções de seus artistas favoritos. Após chamarem a atenção de um empresário do ramo, Felipe Simas (que também é responsável pela carreira de outro fenômeno recente: Tiago Iorc), as meninas foram catapultadas para o sucesso nacional.
Essa é uma história que, com certeza, daria um filme. É justamente isso que acontece por ocasião do lançamento de Ana e Vitória, longa escrito e dirigido por Matheus Souza, tendo como base a jornada que tem sido vivida pelas duas garotas, que, curiosamente, interpretam a si mesmas nas situações que são baseadas em suas próprias experiências pessoais.
Ana e Vitória é um filme bastante representativo da juventude atual – jovens com sonhos, que vivem uma vida altamente conectada e que estão em busca de suas verdadeiras identidades, mesmo que a custo de relacionamentos amorosos complicadíssimos. Como não poderia deixar de ser, boa parte do longa está apoiado em canções escritas por Ana Clara (que é a compositora principal da dupla) e que podem ser vistas no último CD do duo, O Tempo é Agora, que foi divulgado na carona do filme.
Se fosse lançado nos anos 80, Ana e Vitória seria um filme com a cara de um Sonho de Verão, comédia musical dirigida por Paulo Sérgio de Almeida e que era estrelada pelos ídolos da juventude daquela época (as paquitas e os paquitos). Felizmente, o mundo evoluiu – bem como o cinema brasileiro – e Ana e Vitória acaba sendo um filme surpreendente pela maneira como tenta aprofundar (com leveza e humor) os conflitos de uma geração que tem que encarar um ritmo acelerado de vida, com cobranças – em alguns casos – muito pesadas para pessoas da sua idade e que tentam, acima de tudo, se encaixar em algo, parecendo, muitas vezes, serem aquilo que não são.