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Isabelle
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62 críticas
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3,0
Enviada em 5 de agosto de 2018
Não é fácil estabelecer contato do Hilda Hilst. Mesmo viva, em prosa ou poesia, não é fácil dialogar com personagens múltiplos, nos quais gêneros e desejos se misturam. A diretora conseguiu, sim, este contato. Com respeito e ternura, com algumas imperfeições, por certo, o filme permite esse contato fugidio, se apresentando também como poema em imagens e sons, além das palavras. Kafka não respondeu aos apelos de Hilda, nem Camus nem Herzog. Um ou outro de nós, espectadores desta dimensão, talvez consigamos responder ao contato. Mas estamos mesmo na mesma dimensão? Hilda parece nos mostrar que isto é relativo... E a cineasta a respeita.
Este filme é uma oportunidade perfeita para demonstrar a irrelevância intelectual do espiritismo. Amada por tudo e por todos, seus amigos falam mais de uma vez a facilidade com que a aclamada autora Hilda Hilst transitava e conversava com pessoas e obras das mais humildes às mais eruditas. Explorando a amizade com físicos teóricos e bebendo de filósofos metafísicos como Kierkegaard, fica fácil entender porque a totalidade dos seus amigos lembram uma elite brasileira no formato classe média “esclarecida”, intelectualizada, que come macarrão e bebe vinho até dormir, e vai nos seus sonhos ter seus delírios de poder. Enquanto isso, não vejo em nenhum deles a figura do humilde, do simples, deixando claro que a autora, embora transitadas por inúmeros níveis de esclarecimento, nunca criou nenhum laço mais duradouro do que o tempo para criar mais uma bela história sobre a lenda do bom humilde.
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