Não é de hoje que o cinema explora temas como a “natureza se ‘rebelando’ contra o homem”, colocando não só forças naturais (leia-se “desastres”), mas também quando animais acuam o ser humano em situações perigosas – não que a intenção deste Predadores Assassinos seja a de trazer alguma reflexão sobre isso – algo que, por exemplo, o mestre do suspense Alfred Hitchcock explorou no seu clássico Os Pássaros – mas, é inegável que se trata de um passatempo rápido e muito bem produzido – o diretor Alexandre Aja (que já fez Piranha 3D, outro exemplar onde os seres do titulo também atacavam humanos) estabelece um bom clima de tensão, conduz seus dois principais atores com sutileza e não poupa momentos violentos, com bons efeitos de maquiagem – aos moldes de clássicos do gênero como Tubarão ou o mais recente Águas Rasas – tudo de forma bem descompromissada.
Inicialmente, o roteiro estabelece a relação pouca amistosa entre a protagonista vivida por Kaya Scodelario (da franquia Maze Runner), Haley, e seu pai, Dave (Pepper) – devido ao afastamento pós divórcio dos pais – a aproximação dos dois novamente não será na melhor das situações: um imenso furacão se aproxima da casa onde Dave mora e, preocupada com ele, Haley decide ir até o local – mas, chegando lá, com a região cada vez mais alagada, os dois acabam se vendo presos no porão da casa, enquanto que perigosos jacarés, trazidos pelas correntezas da enchente, querem invadir o lugar, fazendo pai e filha se virarem como podem para se safar dos ataques mortais dos bichos.
E basicamente, Predadores Assassinos é isso – uma clássica busca pela sobrevivência – só não caindo numa mesmice ou clichês porque é realmente bem executado. Embora até previsível, o roteiro tenta ao máximo deixar as situações perigosas mais realistas – os ataques dos jacarés são muito bem recriados – embora demonstrem que são criaturas criadas em CGI, é notória a recriação de detalhes – seja pelos seus olhos amarelados, os detalhes nas camadas de suas peles, a movimentação da boca, dando a sensação de que aquilo é realmente um caminho para a morte – um belo trabalho de pesquisa da equipe de efeitos especiais, provavelmente – além da parte sonora, com ótimos efeitos para demonstrar o passear pesado das criaturas – e, aliada aos ótimos efeitos de maquiagens, com botes muito realistas, a intenção do diretor em alimentar o crescente clima de tensão é bem representada – e, praticamente, segura as pouco mais de uma hora e trinta minutos de projeção. E a produção da enchente nos cenários se torna também convincente, ajudada pelos enquadramentos claros e precisos, dando boa dimensão dos ambientes em que se passa a história – o CGI que recria o furacão também merece menção por não demonstrar ser só um “fundo verde” – recriando um céu realmente ameaçador em certos momentos.
Mesmo que rapidamente inseridos e com pouca exploração de suas personalidades, as atuações de Kaya e Barry Pepper convencem – com expressões que não beiram o exagero – o pouco que nos é informado sobre a relação dos dois antes do que se passa no longa é bem exemplificado para que haja algum envolvimento – em meio ao caos, o reconciliamento dos dois é algo crível – mesmo que simplório – ainda que esquecível, como o restante do filme.
Divertido, com alguns momentos mais pesados, extraindo boas atuações, Predadores Assassinos é um trabalho bem feito, que não é uma obra que chega aos pés do clássico Tubarão de Steven Spielberg, é claro – mas está longe de ser um Aligator – O Jacaré Gigante (“clássico” trash do antigo Cinema em Casa do SBT) ou o hilário Sharknado.
Os jacarés aqui realmente assustam. Pelo menos o suficiente para fazer o filme funcionar.