Uma proposta de horror cósmico extremamente diferenciada!
Sem dúvidas, Jordan Peele é uma das grandes novidades da indústria cinematográfica do século XXI e, que de forma inequivoca, já entra para o seleto grupo de melhores diretores da história.
Fui surpreendido com essa nova obra, confesso que a minha expectativa era a de prestigiar qual seria a próxima crítica a ser abordada pelo diretor, mas aqui em Nope, Jordan se permitiu desenvolver uma obra mais contemplativa. Obviamente que a crítica se faz presente, mas de maneira muito mais sutil, configurando um ponto bastante positivo, pois o autor nos demonstra a sua estupenda versatilidade e criatividade nas mais diferentes configurações, gerando essa tão agradável surpresa.
Para quem já está habituado com o universo Weird lovecraftiano, este sem dúvidas é um prato e tanto. Já para os colegas pertencentes as escolas e conceitos mais tradicionais da ficção científica, e aqueles que conjecturam uma possível existência de vida extraterrestre com as regras de natureza de nossa realidade, podem vir a si decepcionar um pouco.
A crítica é especialmente voltada para a tão comum relação de necessidade de exposição e de compulsividade de consumo desta mesma exposição, que a humanidade tem vivenciado com a revolução tecnológica (daí o título brasileiro carregado de spoiler), onde para tal, não existe medição de esforços, chegando ao ponto de utilizar animais selvagens (como retratado na subtrama com o chimpanzé) ou até criaturas interplanetárias devoradoras de formas orgânicas, de maneira que priorize os holofotes ao invés da integridade do próprio indivíduo!
As atuações são excelentes, com um contraponto bastante recorrente no entretenimento, onde dois protagonista com personalidades opostas e complementares dividem tela, onde um é introspectivo e o outro extrovertido, onde um é o ID e o outro o Superego. Com coadjuvantes interessantes. Peele investe um tempo que talvez tenha sido exagerado demais para estabelecer seus personagens e a relação entre eles, podendo tornar o ato 1 e 2 um tanto massantes, mas existe também um aproveitamento interessante para o desenvolvimento do suspense.
Outro grande destaque é a direção de som, com efeitos angustiantes capazes de mexer com a nossa imaginação e nos causar grande desconforto.
A proposta e design da criatura são bizarros ao passo que extremamente belos e únicos.
Não preciso nem avisar sobre a necessidade de si desligar de celular e potenciais disvirtuadores de atenção, né?
Enfim, este é um filme que vale a pena a experiência.