Tenha cuidado, honrar seus pais parece ótimo, mas se você for longe demais, pode esquecer de honrar a si mesmo. A diretora Domee Shi, vencedora do Oscar com o curta-metragem Bao, juntamente com a Walt Disney Pictures/Pixar, conseguiu - mais uma vez - debater sobre assuntos profundos em filmes de animação. Red: Crescer é uma Fera, ou simplesmente Turning Red, é um filme extremamente sensível, transcorrendo acerca de temas, como puberdade, pressão familiar e relacionamentos com cuidado e responsabilidade. A animação é uma convergência de pontos positivos dessa equipe, pois a experiência da diretora - que abraça assuntos delicados com sutileza - com, principalmente, a impecável capacidade de produção do estúdio, consegue criar um ambiente potencializador para mais discussões e divertido de assistir.
Red: Crescer é uma Fera retrata a história de Mei Lee, uma menina de 13 anos que precisa lidar com a pressão constante de sua mãe, Ming, cobrando-se excessivamente acerca de assuntos relacionados à escola e relacionamentos. Contudo, essa exacerbada rotina fica mais complicada quando uma maldição familiar recai sobre ela, transformando-a em um panda-vermelho-gigante todas as vezes que sente emoções fortes (positivas e/ou negativas). A animação desenrola desde pequenas particularidades da infância e adolescência, explorando as questões românticas e de interações sociais com leveza e comicidade, até as angústias mais ponderadas na fase adulta, como as questões de auto-cobrança, efeitos de relacionamentos parentais tóxicos e impactos do seu “monstro” interior.
O longa-metragem tem duração de 1h40m e pode ser consumido nas plataformas de streaming: Amazon Prime, Disney+, Apple Tv e Vudu. Vale ressaltar que a animação alcançou 94% de aprovação no “Rotten Tomatoes” - site formado por especialistas em filmes -, superando outras obras da Disney/Pixar lançadas recentemente, como: “Luca” (91%) e “Ron’s Gone Wrong” (80%).
Saúde mental e a superação do nosso monstro interior.
Assim como em 2020, com a animação “Soul” (ganhadora do Oscar 2021 de melhor animação), a Disney/Pixar decidiu abordar, novamente, assuntos relacionados à saúde mental. A decisão vem acompanhada de três concepções: 1) O grande sucesso dos filmes anteriores relacionados a esse tema (Soul e Divertida Mente); 2) A adoção de um público mais adulto, dado que, essa audiência consegue se identificar com o assunto. Expandindo o público-alvo das animações e, consequentemente, aumentando o lucro; 3) A seriedade do tema, pois, principalmente após tempos pandêmicos, onde as questões referentes aos fenômenos psíquicos tomaram dimensões extraordinárias, mostra-se de extrema importância o debate e a comunicação sobre essa temática.
Logo, Red nos dá lições valiosas sobre as aflições do dia-a-dia, como lidamos com isso e, especialmente, de que modo esses anseios afetam as outras pessoas. Dessa forma, a presença de Miriam, Priya e Abby - melhores amigas de Lee - denotam tanta importância para a trama, mostrando que uma rede de apoio, tanto em momentos ruins como em bons, auxilia o psicológico e cria espaço para crescimento pessoal. Além disso, o apoio familiar, construído ao passar da história, contribui para a protagonista chegar em um dos pontos centrais da animação: os nossos “monstros internos” são partes de nós e não precisamos acabar com eles, mas, com calma e entendimento pessoal, aprender nossos limites, assumir o controle e se auto-conhecer.
Turning Red: um longa acolhedor e fascinante.
O longa-metragem é fascinante. A história é repleta de personagens encantadores cativando o público com sua leveza e graciosidade, sobretudo, a personagem “Abby”, cujo a aparência e personalidade nos transbordam de alegria. Além disso, o cenário ambientado no começo dos anos 2000, juntamente com a trilha sonora, transformam o filme em algo adorável. Portanto, apenas assistam.