"Clímax", novo filme do ilustre, técnico e certeiro Gaspar Noé não tem o mesmo impacto e poder de suas obras anteriores, mas continua com uma técnica apuradíssima e mantém sua assinatura presente, o objetivo de mexer com o telespectador, lhe causar experiências conforme o que é exibido, e esse objetivo é atingindo com perfeição.
O longa que conta a história de um grupo de dança que vai a um salão abandonado pra fazer seu último ensaio, e acabam sendo drogados, e durante essa viagem vão encontrando seu eu interior, seus reais seres vão surgindo sem a emaculação das rédeas sociais, seus monstros interiores surgem juntamente com seus medos. Serei uma boa mãe? Alguém algum dia ira se relacionar comigo? Me amam? Quem eu sou? Sinto desejos proibidos?. São questões que surgem em cada personagem. Mesmo assim, isso é uma profundidade de roteiro que existe mas não chega a ser assim tão profunda, mas funciona, funciona para contextualizar o real significado do longa, a imersão cinematográfica.
Temos uma câmera que começa comportada, com planos sequencias maravilhosos alinhados a boas e desconfortáveis coreografias, mas que com o passar do filme, vai ganhado vida própria e vai entrando no amago de cada personagem, e assim, se perdendo completamente, A câmera gira 360°, dá saltos, planos fechados, planos médios, planos aéreos, não temos um padrão. Temos apenas um foco que é causar o desconforto do telespectador, por isso precisamos de mais artifícios técnicos, como a fotografia e jogos de luzes, escuras e avermelhadas, que brilham conforme o estado de espirito da película, suas cores fortes e vibrantes incomodam, tal qual sua trilha sonora magnifica, uma especia de musica clássica, eletrônica e urbana, é primoroso, ela tem um toque legal e ao mesmo tempo é longa e enjoativa, é desconfortável e ao mesmo tempo atraente, tal junção de aspectos técnicos somados as delirantes e desgovernadas atuações culminam num filme difícil de digerir, mas recompensador.
Gaspar Noe consegue novamente cumprir seu objetivo como diretor, somos sugados a outra dimensão durante o filme,uma dimensão escura e perigosa, ela é tensa. como todo filme, parece que a vida sempre está por um fio e que vamos morrer devidos a insanidade e nossa monstruosidade interior. "Climax" está longe der perfeito, com algumas atuações medonhas e repetições de ideia o novo filme de Gaspar Noe empolga e cumpre com perfeição o prometido (apesar do marketing exagerado).