A Netfilix vêm tentando já faz algum tempo variar um pouco mais o seu catálogo de originais. Ano passado tivemos o subestimado Legítimo Rei, com Chris Pine, em uma sinalização de que a companhia passaria a tentar investir em projetos de maior estirpe, envergadura. Uma vez que filmes com um teor mais sério, e de preferência dramas de época com batalhas medievais, trazem mais prestígio e a sensação de que não é porque estamos nos acomodando com um tipo de entretenimento mais caseiro nos últimos anos que não podemos desfrutar de algo em grande escala. Pois bem, aqui em O Rei, mais nova empreitada da companhia pelo cinema épico, o que se vê é uma obra que, apesar de não oferecer absolutamente nada de provocante ou inovador ao seu já hiper saturado gênero, pelo menos consegue oferecer uma aventura sucinta, bem filmada, e (aqui sua maior força) atuada. Embora o argumento traga diálogos clichês, pouco inspirados, em um enredo de temas batidos e mensagens esquecíveis, seu ótimo elenco faz a assistida mais que válida. Embora Timothée Chalamet não pareça exatamente o tipo ideal de ator para o papel, o jovem talento dessa nova geração consegue entregar a carga dramática exigida em Henrique V, completando com competência o arco do jovem festeiro problemático que nunca quis ser da realeza. Mas quem rouba a cena mesmo é Joel Egerton, também produtor e roteirista do filme, em um trabalho absolutamente contido, despretensioso, e eficiente. Transformando seu John Falstaff no personagem mais carismático do sisudo filme. Outros grandes nomes completam o elenco de apoio, mas não entregam performances particularmente marcantes, sobrando para Robert Pattinson o papel mais espalhafatoso, que a princípio se mostra uma figura interessante, mas depois vira apenas uma caricatura ridícula. Uma fanfic medieval assumida, The King assume suas imprecisões e cria algo minimamente substancial por cima de sua camada verídica, mas seu impacto é quase anulado por um desenvolvimento narrativo raso demais, em uma dramaturgia pobre e apática, e é basicamente salvo por seu elenco talentoso e apuro técnico. Enfim, não é nada que já não vimos antes e não é nem um pouco marcante, mas é uma boa aventura medieval bem filmada.