O terror mais aclamado do ano!
HEREDITÁRIO (no original: Hereditary
Escrito e dirigido por Ari Aster, Hereditário marca a sua estreia nos cinemas, e digo mais, marquem esse nome, porque com certeza nós ainda iremos acompanhá-lo em muitos filmes daqui pra frente.
Hereditário conta a história da família Graham, que acaba de perder a avó. Mesmo após o falecimento da matriarca, a família permanece na presença de uma espécie de sombra oculta dela. Todos da família sofrem com a perda e consequentemente com aquela presença sombria entre eles, mais especialmente a neta adolescente Charlie (Milly Shapiro), a preferida da avó.
O diretor Ari Aster estreia muito bem em um longa-metragem sobre um gênero já muito desgastado nos dias atuais. Eu gosto muito do gênero terror, mas confesso que a forma como eles estão sendo vendidos hoje em dia não tem me agradado muito. Os terrores modernos seguem sempre a mesma linha, cheios de clichês, forçando a barra encima dos Jumpscare, tentando impressionar e buscando o susto a qualquer preço.
Hereditário rema contra a maré ao entregar uma obra que foge dos terrores triviais, que se desprende dos longas do estilo "Invocação do Mal", Annabelle" e o mais recente "A Freira", ou seja, o jeito James Wan de ser. Eu gosto desses filmes que acabo de destacar, mas prefiro algo mais no estilo do ótimo filme de 2015 "A Bruxa", estrelado pela talentosa e linda Anya Taylor-Joy. Hereditário segue nesse caminho, sendo um terror psicológico, sombrio, intrigante, tenebroso, que mexe com os nervos e explora a inteligência do espectador, nos oferecendo um roteiro que termina com um final ambíguo, que abre espaços para várias conclusões, sempre respeitando a crença e a inteligência de cada um - SENSACIONAL!
Ari Aster é um nome dentro da indústria cinematográfica pra ser olhado com outros olhos a partir do trabalho entregue em Hereditário. A forma como ele utiliza a câmera é algo assustador, criando filmagens com focos e tomadas de cenas onde a câmera parecia ter vida própria. Criando assim um ambiente macabro, que facilmente nos prendia pela tensão e consequentemente o medo, mas sem apelar para os sustos baratos, ou aparições de fantasma e vultos de forma banal - nota 10 para direção de Ari Aster.
Outro ponto que merece destaque é a construção dos cenários e toda ambientação criada em Hereditário, se destacando como o grande responsável em nos transmitir e nos imergir naquele clima sombrio e muita das vezes silencioso, algo muito parecido com o que eu já vivi este ano no sensacional " Um Lugar Silencioso". Na minha opinião: junto com Hereditário ocupam os postos de melhores terrores do ano. A fotografia é outro grande acerto do longa, realmente impressiona a perfeição alcançada em uma fotografia totalmente escura e densa, e que juntamente da trilha sonora soou como o casamento perfeito.
O longa também ficará marcado pela atuação monstruosa e impecável de Toni Collette!
Sinceramente eu não me lembro de ter assistido um filme de terror com um nível tão absurdo de atuação como foi o caso de Hereditário. O nível que esta mulher conseguiu atingir ao nos demonstrar todo seu pânico, sua angustia, com sua aparência pavorosa, chega a nos amedrontar. Literalmente eu fiquei incomodado e assustado com as expressões faciais de Toni Collette e toda carga emocional e energia pesada que ela carregou ao longo de todo filme. Digna de todos os elogios e críticas positivas que ela vem arrancando do público ao redor do mundo, e digo mais, pra mim caberia fácil uma indicação pra ela no Globo de Ouro, ou em qualquer outra premiação - sem nenhum exagero!
Assim como Toni Collette, todo o elenco de Hereditário entrega atuações de altíssimo nível: a começar pela adolescente Milly Shapiro, que nos impressionou com aquela figura tão misteriosa, que ao mesmo tempo nos deixava intrigado com o passar do tempo. Charlie é a filha mais nova da família que logo após a morte da avó, ela toma uma postura totalmente fechada e sombria, sempre usando hábitos estranhos e incitando cada vez mais a nossa curiosidade. Ótima atuação entregue por esta jovem atriz.
O experiente ator Gabriel Byrne (do clássico "O Homem da Máscara de Ferro") faz o chefe da família Graham e também entrega um trabalho à altura do elenco. Steve mentém uma postura mais arrojada, como o pai de família durão, que mantém suas convicções e suas crenças, sempre acreditando em seus princípios. Porém, depois da cena do copo junto à mesa sua postura muda, pondo à prova ainda mais a inteligência dos espectadores. Gostei muito do resultado final entregue por Gabriel Byrne.
O também jovem ator Alex Wolff (que me impressionou em "O Dia do Atentado") me agradou muito no filme. Alex faz Peter Graham, o filho mais velho da família, que tem um começo mais contido, mas na medida que o filme avança ele avança junto, aumentando o nível da sua atuação e criando cenas de deixar qualquer marmanjo boquiaberto. Destaco a cena da escola, juntamente com suas expressões faciais e o foco da câmera em seus olhos, maravilhoso. Alex consegue expor o pânico com apenas um olhar, como a Toni Collette fez ao longo de toda trama. Mais um nome no elenco que não deixou a peteca cair e manteve o nível altíssimo das atuações em Hereditário. E pra fechar com Ann Dowd (Beleza Oculta), que fez Joan, uma mulher bastante esquisita que se aproxima de Annie, sendo responsável por praticamente todos os desfechos que acontece com a família Graham pelo simples fato dessa aproximação.
Portanto, Ari Aster nos entrega um terror muito bem construído, muito bem dirigido, muito bem roteirizado, muito bem atuado, muito inteligente, que soube desafiar e brincar com o nosso psicológico de todas as formas possíveis e até impossíveis. Pra mim é uma verdadeira obra-prima do terror moderno, e fazendo justiça e um apelo por mais filmes como Hereditário, Um Lugar Silencioso e A Bruxa, EU DOU MINHAS 5 ESTRELAS! [20/12/2018]