Mais uma obra prima que versa sobre um dos períodos mais sombrios da história, onde várias pessoas foram denunciadas por heresias à Igreja, torturadas e mortas. Esse filme dirigido e escrito pelo premiado, porém pouco conhecido argentino, Pablo Aguero, é inspirado em notas escritas pelo inquisidor Pierre de Lancre em 1609 na França. A ação do filme transcorre nas províncias bascas onde as mulheres dirigem os povoados enquanto que os homens são navegantes, pescadores. O ritmo do filme é lento e cadenciado e provoca uma sensação de estupor pela produção refinada e excelentes atuações, que, reproduzem muito bem a época histórica em que o filme se contextualiza. Na verdade esse filme trata de questões extremamente relevantes, o patriarcado, a Igreja, a repressão sexual, os roubos das propriedades das vítimas em nome de Deus, sabendo-se, enfim, quem eram os verdadeiros demônios dessa caça às bruxas. No filme A bruxa (2015) de Egers, o que torna a personagem principal uma pária, acusada de bruxaria, é o patriarcado religioso e sua hipocrisia. Em as bruxas de Salém (1996) de Hytner sabemos como a mentira era produzida e o que o histerismo em massa era capaz de fazer. O que torna Silenciadas especial no seu ponto de vista, é que o teatro que era produzido pelos inquisidores, através das confissões forçadas das acusadas, com o uso de métodos hediondos de tortura, parecia mais um estimulante sexual desse grupo, algo reprimido e doentio para o entretenimento deles, e um meio de satisfazer essas taras: sexo, dinheiro e poder. Filme obrigatório para se entender o perigo do privilégio da política nas mãos de um grupo "bem intencionado". Reflexiona sobre a privação da liberdade individual e as questões que abordam a importância do sufrágio feminino séculos depois. Triste e poético!