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@cinemacrica
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3,5
Enviada em 20 de abril de 2019
(Insta: @cinemacrica) - O conflito armado entre milicianos e força oficial Colombiana literalmente empurra a família de Amparo para as margens dos rios amazônicos em busca de refúgio nas fronteiras entre Brasil, Peru e Colômbia. Esse é o contexto social e geográfico de "Los Silencios". Recebida pela tia numa comunidade pobre situada numa ilha fluvial, a agora viúva que perdera o marido na guerra civil busca formas de sustentar os dois filhos. Apesar de ter pesados toques autorais, o que pode gerar estranheza para alguns, a obra é um típico caso em que a aura alternativa não serve de apoio para a desculpa do descaso técnico. A direção de fotografia é de notável capricho: são belos e funcionais os enquadramentos que exprimem o cotidiano daquela comunidade ribeirinha. Não são poucos os planos que capturam de forma visualmente rica a essência da pobreza. O filme abraça a causa dos impactos de conflitos armados na família. O artifício utilizado pela diretora Beatriz Seigner é a permissividade metafísica do trânsito dos mortos no plano real. Cria-se, instantaneamente, a experiência do "como as coisas seriam se a unidade familiar estivesse coesa". A família de Amparo é explorada pela diretora nas suas 4 unidades pessoais em diferentes níveis de sutileza e funções narrativas: pai, mãe, filho e filha doam sua parcela interpretativa para a construção dessa proposta. Mais do que o recurso da inclusão de falecidos, o desenvolvimento de um desses personagens é de uma sensibilidade ímpar. Não quero atrapalhar a experiência de quem ainda não viu o filme, por isso não me alongarei nesse ponto. Apenas repito que é tocante. A visão romântica, contudo, por vezes esbarra em recursos não funcionais para o movimento de progressão ou aprofundamento psicológico. Ainda assim, se tiver a mente aberta e receptividade para propostas autorais, "Los Silencios" pode ser uma obra válida.
Los Silencios conta a história de uma pequena família colombiana e sua busca pela sobrevivência numa área conflagrada, situada em uma ilha na tríplice fronteira Brasil-Colômbia-Peru, denominada “Fantasia”. Sem a necessidade de apresentar em imagens as misérias das guerras e guerrilhas locais, travadas entre soldados, guerrilheiros ou paramilitares, com suas hostes compostas pela população mais pobre, manipulados pelos poderosos que tiram partido da pobreza e dos conflitos, a diretora Beatriz Seigner nos relata através das falas de seus personagens, nos expondo a realidade do povo latino americano. A fotografia instigante,valoriza o claro-escuro, a presença da água e a força da floresta, com o som externo rompendo os silêncios dos personagens. Com situações que parecem saídas dos contos de Garcia Márquez, pouco a pouco somos apresentados àquele universo místico, uma metáfora das condições que grande parte da América Latina e Central ainda são submetidas, tornando-os seres invisíveis da parte aparentemente mais abastada de nosso pobre continente. O filme merece ser visto e revisto, com roteiro poético, triste e vigoroso, fotografia inspirada e a utilização coerente das cores como na celebração do Dia de los Muertos, estabelecendo a ligação dos vários mundos presentes em nosso vasto imaginário latino-americano.
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